Bolsonaro usará detalhe verde-amarelo na posse; Michelle terá dois vestidos
Eleito com o slogan de campanha "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", o futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL) levará um detalhe verde-amarelo --em referência às cores da bandeira brasileira-- na roupa que usará na cerimônia de posse, em Brasília, no dia 1º de janeiro.
Um olhar atento ao lado superior esquerdo do paletó de Bolsonaro notará, ali, a existência de uma faixa verde-amarela. Ela aparecerá também no punho direito de sua camisa.
Esta não será a primeira vez que o futuro presidente exibe o detalhe em sua roupa. Em sua diplomação, no último dia 10, Bolsonaro fez a estreia do que deve ser uma espécie de marca registrada nos ternos que usar em eventos oficiais.
A criação da faixa é do alfaiate Santino Gonçalves Filho, dono de um ateliê em Duque de Caxias (RJ), que disse ter tido o consentimento do presidente eleito para colocá-la em todos os trajes confeccionados especialmente para a família Bolsonaro.
O terno que será usado por Bolsonaro no dia da posse é de tom azul e, de acordo com o alfaiate Santino, já está com o presidente eleito, em Brasília. "[Bolsonaro] falou que nunca tinha vestido um terno tão alinhado como esse", disse o alfaiate, que relatou ter entregado a roupa ao futuro presidente na semana passada.
"Hoje pela manhã entreguei um terno ao senador [eleito] Flávio Bolsonaro. Ficou ótimo", contou o alfaiate, em entrevista ao UOL, neste sábado (29).
Já a futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, terá dois vestidos --um traje para a posse e outro para o jantar do Itamaraty-- confeccionados por Marie Lafayette.
A estilista é a mesma que fez o vestido de noiva usado por Michelle, em 2013, em seu casamento com Bolsonaro. Discreto, o modelo era levemente acinturado e trazia rendas no decote e nas alças.
"A Michelle é uma pessoa bem simples e clássica. Acho que são nesses aspectos que nos identificamos muito", afirmou Marie, que manteve tom de mistério sobre as roupas que serão utilizadas pela futura primeira-dama no dia da posse.
A estilista também ficou responsável pelo vestido que será usado por Laura, filha de Michelle e Bolsonaro. Segundo Marie, todos os trajes feitos por ela para Michelle ao longo do mandato --inclusive os do dia da posse-- serão depois leiloados. Os fundos arrecadados devem ser entregues a instituições beneficentes.
Alfaiate "por acaso"
Se hoje Santino conta que foi convidado por Bolsonaro para ser seu "alfaiate exclusivo", a história era bastante diferente apenas algumas semanas atrás.
Ele relata que, no início de novembro, Bolsonaro não o conhecia pessoalmente, e tampouco o seu trabalho. Conseguiu se encontrar com ele graças a seu amigo, o cabeleireiro Maxwell Gerbatim, que teve contato com o futuro presidente no início da década de 1990.
"O presidente confundiu o Max com outro Max e conseguimos entrar [na casa de Bolsonaro, no Rio de Janeiro]", contou o alfaiate. "Chegou lá, ele não lembrava do Max. Mas, como já estávamos lá dentro, fomos desenrolando", disse.
Santino, que é evangélico, credita o encontro à sua fé. "Foi, graças a Deus, um encontro que não foi bem planejado, mas Deus abençoou e conseguimos chegar lá".
Segundo o alfaiate, o terno para a posse de Bolsonaro --que ele estima ter um valor de R$ 3 mil-- fez parte de uma doação ao presidente eleito.
"Na realidade, doei dois [ternos], quinze camisas e dez gravatas. Precisava que ele conhecesse meu trabalho e visse a diferença do que é feito sob medida e o que é comprado pronto. Ele conseguiu ver essa diferença", afirmou.
Desde então, segundo Santino, não só membros da família Bolsonaro, mas também políticos próximos, como o deputado federal eleito Helio Negão (PSL) e o general Augusto Heleno, futuro ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), encomendaram trajes sob medida ao alfaiate.
"Me sinto honrado", disse. "Saí de uma comunidade, trabalhando, sempre querendo fazer o melhor. Essa é a oportunidade de vida de um alfaiate", afirmou.
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