Apoio a Maia foi misto de falta de opção com realismo, diz Major Olímpio
O apoio do PSL a Rodrigo Maia (DEM-RJ) na eleição para a Presidência da Câmara surgiu da ausência de opções melhores e de um realismo estratégico da sigla, segundo afirmou ao UOL nesta quinta-feira (3) o senador Major Olímpio (PSL), um dos articuladores da legenda no Congresso. Ele classificou a aliança como um "gol de placa".
Na visão do parlamentar, a negociação evita que o PSL fique isolado a partir de uma eventual costura dos integrantes do "centrão". "A tendência era que houvesse um isolamento premeditado mesmo sufocando e impossibilitando a governabilidade sem espaço para o partido aqui."
Após o acerto com Maia, o partido ficou ainda com a Presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a mais prestigiada e disputada da Casa, e a chefia da Comissão de Finanças e Tributação.
Depois de liderar uma reunião da bancada pesselista nesta quinta, Olímpio afirmou à reportagem que se "surpreendeu" com Maia. "Não esperava que ele fizesse tantas concessões", comentou o senador. O PSL também ficará com a 2ª vice-presidência da Mesa. A composição tem ainda o PRB na 1ª vice-presidência; e o PR, o PSD, o PSB e o PDT com a 1ª, 2ª, 3ª e 4ª secretarias, respectivamente.
"Ele cedeu bastante. Devia ter até perspectiva ou compromisso com outras bancadas e ele teve que fazer um rearranjo."
Questionado sobre outros deputados que conversaram com o alto escalão do governo Jair Bolsonaro (PSL) durante a transição, como os deputados João Campos (PRB-GO) e Fábio Ramalho (MDB-MG), Olímpio declarou que nenhum outro nome, exceto Maia, seria capaz de garantir "governabilidade" e espaços de poder ao PSL.
"O PSL corria um sério risco de ficar completamente isolado e sem participação na Mesa, sem a possibilidade de ter comissões de maior relevância. Eu mesmo duvidei que pudesse avançar tanto o processo [para apoiar Maia] e que tivesse o PSL a Presidência da CCJ e a presidência da Comissão de Finanças e Tributação. Foi um gol de placa da direção do partido esse espaço."
O PSL conta com quatro senadores no Congresso e a segunda maior bancada na Câmara (53 deputados). O partido, que era nanico até a eleição de Bolsonaro, ainda tem expectativa de formar a maior bancada da Casa, explicou Olímpio, ultrapassando os 56 deputados do PT. O parlamentar disse que o presidente da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE), está conversando com quadros de outros partidos.
Para Olímpio, a aliança com Maia resultou em um bloco consistente, cujo número de deputados ainda está sendo calculado. Além dos correligionários, a base de coalização também contará com nomes das frentes da segurança pública, ruralista e evangélica, além de outros grupos temáticos que declararam abertamente apoio a Bolsonaro.
Vantagem é maior do que possível desgaste
A visão do senador pesselista é que as vantagens do apoio a Maia são maiores do que um possível desgate provocado pela costura política --Bolsonaro chegou ao poder prometendo que daria fim ao "toma lá, dá cá", termo em referência a negociações envolvendo troca de cargos.
"Mais do que a possibilidade do desgaste, houve uma conquista do PSL de governabilidade para o governo Bolsonaro com essa adesão. Principalmente quando você faz o cotejamento. Qual era o caminho alternativo? O meu, e eu fui voto vencido, vocês sabem muito bem disso. Na primeira reunião do partido eu defendi a candidatura própria do Bívar à Presidência. Ele que abriu mão desse processo."
Além de lembrar o incentivo à candidatura de Bívar, Olímpio lembrou que ele e Maia tiveram embates regulares na Câmara durante a última legislatura.
"Todo mundo sabe que um dos caras que mais brigou com o Maia fui eu. Agora, não é o que o Major Olímpio gosta ou não. Nesse momento temos que pensar em um projeto maior. Não sinto que demos passo atrás. Poderíamos tomar umas rasteiras danadas e ficar isolados. De repente, o partido conseguiu dar uma grande avançada e se posicionar no tamanho que o partido merece ter. Isso foi uma conquista."
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