Ex-OAS diz que foto com Lula foi "selfie" e não representa "intimidade"
A defesa de Paulo Gordilho, arquiteto e ex-diretor da OAS, negou que uma foto em que ele aparece ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no sítio de Atibaia (SP) demonstre relação de intimidade entre os dois.
A afirmação foi apresentada nesta segunda-feira (7) à Justiça Federal como parte das alegações finais do arquiteto no processo que investiga se Lula foi beneficiado por meio de reformas realizadas por empreiteiras como a OAS e a Odebrecht em um sítio no interior de São Paulo.
"No que tange à alegação da Acusação na Denúncia de uma suposta intimidade do Denunciado [Gordilho] e o ex-Presidente Lula, amparada numa simples foto quando esteve no Sítio de Atibaia, isto se trata de uma inverdade", disseram os advogados.
"O que se depreende da mencionada foto é que consiste numa self [sic], prática esta costumeira a milhares de brasileiros que, inclusive, fariam o mesmo por se tratar de ex-presidente da República, que, à época, sequer havia indícios de qualquer prática criminosa que pudesse ser imputada ao mesmo", completou a defesa no documento.
O MPF (Ministério Público Federal) acusa Lula de ter recebido propina por meio de reformas no sítio, que pertence a Fernando Bittar, amigo da família do ex-presidente. O ex-presidente responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Já Gordilho é acusado de ter providenciado a contratação dos serviços de reforma e responde pelo crime de lavagem de dinheiro.
Quando foi levado coercitivamente pela PF a prestar depoimento, em março de 2016, Lula afirmou não conhecer Paulo Gordilho. Pouco depois, em junho daquele ano, a PF divulgou relatório em que informava que os dois apareciam juntos em fotos encontradas no celular do ex-diretor da OAS. O documento mostra que as imagens foram encontradas em uma pasta que armazenava arquivos utilizados pelo aplicativo de mensagens WhatsApp.
Com base nas imagens, a PF disse causar "estranheza" o fato de, em declarações, Lula negar conhecer Gordilho, "mas em outro momento aparecer ao lado do mesmo", "demonstrando dessa forma haver relação de proximidade".
À época, Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, se manifestou por meio de nota. "No dia 4 de março de 2016, Lula foi conduzido coercitivamente sem ter sido intimado, medida sem previsão na legislação brasileira, para depor no aeroporto de Congonhas. Perguntado sobre o nome de Paulo Gordilho, entre muitos outros nomes, respondeu "por nome, não". O ex-presidente não é obrigado a recordar o nome de todas as pessoas que já tiraram foto com ele", pontuou.
No documento enviado nesta segunda à Justiça Federal, os advogados de Gordilho ainda negaram que o arquiteto tivesse conhecimento sobre supostos acertos de propina entre Lula e a empreiteira. Segundo eles, todas as reformas realizadas na cozinha do sítio de Atibaia aconteceram por determinação de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.
Em depoimento à Justiça Federal em novembro passado, Pinheiro afirmou que Lula pediu diretamente a ele uma série de reformas no sítio. A defesa do ex-presidente nega as acusações e diz que Pinheiro "preferiu acusar Lula com afirmações mentirosas ao invés de se defender" para tentar um acordo de delação premiada.
O ex-presidente da empreiteira reforçou as acusações contra Lula em suas alegações finais, apresentadas na manhã desta segunda, e voltou a dizer que os serviços de reforma "foram executados seguindo as determinações do ex-presidente". A defesa de Lula deve apresentar sua manifestação ainda hoje.
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