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À vontade e próxima a Damares e Rosângela Moro, primeira-dama ganha espaço

8.mar.2019 - Bolsonaro e a primeira-dama Michelle se beijam durante evento do Dia Internacional da Mulher no Planalto - REUTERS/Adriano Machado
8.mar.2019 - Bolsonaro e a primeira-dama Michelle se beijam durante evento do Dia Internacional da Mulher no Planalto Imagem: REUTERS/Adriano Machado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/03/2019 04h01

Após chamar atenção ao quebrar o protocolo e discursar em Libras (Língua Brasileira de Sinais) na posse do marido, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), Michelle Bolsonaro ensaia intensificar o apoio a pessoas que convivem com doenças raras e outras deficiências e ganha cada vez mais espaço dentro do governo.

Não há previsão oficial de a primeira-dama virar embaixadora de algum programa, como a antecessora Marcela Temer com o Criança Feliz - programa federal voltado para gestantes e bebês. Mas a expectativa é que Michelle, 38, seja mais ativa do que a ex-primeira-dama, uma vez que já tinha um envolvimento pessoal nos temas antes de o marido chegar ao Planalto.

Nestes dois meses iniciais de governo, Michelle tem se mostrado à vontade para aparecer em público e discursar em favor das causas. Em sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados no Dia Mundial das Doenças Raras, comemorado todo último dia de fevereiro, Michelle prometeu maior apoio aos pacientes. 

Assumi como primeira-dama a luta pela conscientização profunda sobre as condições de vida dos pacientes e das famílias que convivem com patologias consideradas incomuns pelas ciências médicas"

"Contem com o meu apoio, pois essa é a minha luta", afirmou ela na tribuna da Câmara.

Na Câmara, Michelle não falou com a imprensa, mas estava sorridente e atendeu a pedidos de fotos de convidados à sessão solene. Até o momento, ela não deu entrevista aos jornalistas presentes nos compromissos. Seu único contato com a imprensa foi em uma exclusiva à Record TV.

Na cerimônia do Dia Internacional da Mulher no Palácio do Planalto, Michelle voltou a citar as "mães raras" em discurso, ajudou a distribuir brindes a servidoras e afirmou que as mulheres são as "comandantes" de seus destinos.

Embora incentive o Criança Feliz e tenha adotado a causa de doenças raras, há assessores no Planalto que acreditam que a imagem da primeira-dama possa ser melhor aproveitada se usada em uma ação mais ampla.

Proximidade com Damares e Rosângela Moro

Nos eventos públicos, Michelle costuma andar acompanhada da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, com quem tem feito reuniões.

Sob a influência da primeira-dama, inclusive, a pasta criou a Coordenação Nacional dos Raros. A divisão tem o objetivo de promover políticas públicas a vítimas de síndromes que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos.

27.fev.2019 - A primeira-dama Michelle Bolsonaro e a advogada Rosângela Moro (mulher do ministro Sergio Moro) participam de sessão solene sobre Doenças Raras na Câmara dos Deputados - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
Michelle e Rosângela juntas durante sessão solene na Câmara dos Deputados
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
Michelle tem se aproximado ainda da mulher do ministro Sergio Moro (Justiça), Rosângela Wolff Moro, procuradora jurídica da Federação Nacional das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais). Rosângela participou de pelo menos dois eventos sociais aos quais Michelle compareceu em defesa de pessoas com necessidades especiais.

Outros ministros com os quais Michelle mantém encontros frequentes são Osmar Terra (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

No Ministério da Cidadania, por exemplo, ouviu balanços de programas que atendem pessoas com deficiência e beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), além do próprio Criança Feliz, criado sob o governo Temer (MDB). 

Esse programa, aliás, não deve ser extinto pelo novo governo, apurou o UOL. Pelo contrário, teve o público-alvo ampliado e atenderá pessoas registradas no Cadastro Único. 

Pop nas redes sociais

A primeira-dama mantém conta em ao menos uma rede social, mas prefere a discrição e não deixa o perfil aberto ao público. Mesmo assim, é seguida por mais de 10 mil pessoas.

Na conta aberta da cadela Beretta, de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e um dos filhos do presidente, Michelle fez sucesso ao aparecer em uma foto sorrindo com o animal no colo. Enquanto uma postagem corriqueira costuma ter de 5 mil a 8 mil curtidas, a com Michelle acumulou quase 12 mil.

Segundo o perfil, a primeira-dama e a filha Laura ainda ajudam a tirar fotos da Beretta no Palácio da Alvorada, como em cima de uma cama.

Michelle Bolsonaro agora tem até uma música em sua homenagem chamada "A primeira-dama do Brasil", de Xando, Wigberto Tartuce e Rafael Silva.

A canção começa com notas do hino nacional e depois ganha elementos que remontam ao sertanejo. Um videoclipe caseiro com a música foi compartilhado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM).

"Ceilândia, aquela cidade da primeira-dama do Brasil. No momento da posse ela beijou seu marido. A multidão aplaudiu. Inesquecível momento. Emoção, esperança e carinho o povo sentiu. Dona Michelle Bolsonaro. Com simplicidade ela mostrou na linguagem de Libras o fraterno amor. Dona Michelle Bolsonaro. Abraçou a causa e a razão da defesa de quem fala e escuta com o coração", diz trecho.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.