Alvo de denúncias, Macris deve eleger-se no comando da Alesp contra Janaina
Resumo da notícia
- Atual presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB-SP) deve reeleger-se para o posto escorado em amplo acordo partidário, apesar de denúncias recentes
Sob denúncia de uso suspeito de sua verba de gabinete e de receber doações de funcionários públicos com interesses em discussão na Casa em que comanda, o deputado estadual Cauê Macris, do PSDB, caminha para uma reeleição tranquila à presidência da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) graças a uma aliança com, entre outros partidos, o PT.
A eleição, que está marcada para esta sexta-feira (15), deve terminar com o comando da mesa nas mãos do tucano e a 1ª secretaria, segundo cargo mais importante da Casa, com o deputado estadual Ênio Tatto, do PT. A 2ª secretaria deve ficar com o DEM. A articulação partidária é ampla e conta com a participação de legendas de diversos espectros ideológicos. Macris é tanto o candidato do governador João Doria quanto o candidato de consenso entre a maioria dos seus colegas.
A exposição da articulação entre legendas rivais e as denúncias são a aposta da deputada Janaina Paschoal (PSL), principal rival do tucano na disputa, para conseguir correr por fora e vencer a eleição. Além dos dois, disputa o comando da Alesp o deputado Daniel José (Novo), e Mônica Seixas (PSOL).
"Não existe eleito com apoio de um só partido"
Janaina conta como certos apenas os votos da bancada do PSL, com 15 integrantes, e do deputado Arthur do Val (conhecido no YouTube como "Mamãe Falei"), que declarou que vai contrariar a orientação de sua sigla, o DEM, de votar no candidato do PSDB. Ao todo, votam os 94 deputados. De acordo com o deputado Campos Machado, apenas dois partidos não vão apoiar Macris e a eleição não deve trazer surpresas.
"Todos os candidatos à presidência devem articular suas candidaturas com as demais forças da Casa. Não existe presidente eleito com o apoio de um único partido. Isso não seria possível matematicamente e nem democrático", diz o deputado em nota enviada à reportagem por sua assessoria de imprensa.
No mês passado, o jornal "O Estado de S.Paulo" revelou que Macris recebeu a doação de R$ 103 mil para sua campanha de reeleição em 2018 de funcionários da Alesp. A doação soou estranha à oposição, já que vieram de funcionários públicos com altos salários que tem interesses em discussão na Assembleia, em tese, com palavra final de Macris. O jornal também mostrou que o deputado repassou R$ 266 mil de sua verba de gabinete a um posto de gasolina do qual é sócio, para pagar o uso de combustível no mandato. A prática não é necessariamente ilegal de acordo com as regras da Alesp. O PSL e outros partidos de oposição a Macris pedem a investigação do caso na Assembleia e pelo Ministério Público.
"Infelizmente, a marca desta disputa pela presidência da Alesp é o denuncismo irresponsável e a baixaria eleitoral", afirma o Macris em nota. "Não compactuamos e não faremos parte disso. Registro aqui que todas minhas contas foram analisadas, julgadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral."
O UOL solicitou uma entrevista pessoalmente ou ao telefone com o deputado Cauê Macris, mas o pedido não foi atendido. Em vez disso, sua assessoria de imprensa pediu para enviar as perguntas para serem respondidas por email. A assessoria não respondeu as perguntas, mas enviou a seguinte nota:
"Todos 94 deputados estaduais eleitos possuem legitimidade para apresentar candidaturas à presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo - Alesp. O presidente será eleito pelo voto dos deputados estaduais, em uma eleição aberta.
Os poderes Executivo e Legislativo são independentes. Até por sua composição, a Assembleia Legislativa de São Paulo garante a pluralidade de ideias e opiniões, e isso é fundamental na democracia.
Teremos a discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias e o debate sobre a própria composição do Orçamento. A peça orçamentária aprovada pela Alesp é que garantirá possibilidades de recursos para que o Estado promova melhorias nos 645 municípios paulistas. Acredito que esta discussão é uma das mais importantes feitas pelo Parlamento Paulista.
Durante nossa presidência abrimos as portas da Assembleia Legislativa à população. Instalamos aqui o posto da Defensoria Pública, que faz atendimentos gratuitos; o posto do Detran, para emissão de RG pela Polícia Civil. Demos acesso à biblioteca da Casa, que possui valioso arquivo histórico e que, antes, era utilizada apenas por servidores.
Sobre a gestão efetiva do Parlamento Paulista, agora em março devolveremos ao Governo do Estado R$ 106 milhões, que economizamos em nosso orçamento de 2018. É a maior devolução já feita pelo Poder Legislativo, graças à renegociação dos contratos da Casa.
Eu quase não tive contato com a deputada eleita Janaína Paschoal. Infelizmente, a marca desta disputa pela presidência da Alesp é o denuncismo irresponsável e a baixaria eleitoral. Não compactuamos e não faremos parte disso. Registro aqui que todas minhas contas foram analisadas, julgadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral.
Todos os candidatos à presidência devem articular suas candidaturas com as demais forças da Casa. Não existe presidente eleito com o apoio de um único partido. Isso seria impossível matematicamente e nem tão pouco (sic) democrático."
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