PT diz esperar que prisão de Temer não seja "espetáculo" da Lava Jato
O Partido dos Trabalhadores enviou um comunicado à imprensa em que diz esperar que a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB), considerado um algoz desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, não seja um "espetáculo pirotécnico" da Operação Lava Jato.
Na visão da legenda, o cumprimento de mandados contra Temer e seu ex-ministro Moreira Franco, também do MDB, deve "respeitar o processo legal", e não apenas "especulações e delações sem provas, como ocorreu no processo do ex-presidente Lula".
Ao lembrar a condenação de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi presidente entre 2003 e 2010, o PT reafirmou considerar que ele foi vítima de injustiça por parte da Lava Jato e da 13ª Vara Federal, à época comandado pelo atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Caso a prisão de Temer e Moreira tenham ocorrido com o mesmo contexto, defende o PT, "estaremos diante de mais um dos espetáculos pirotécnicos que a Lava Jato pratica sistematicamente, com objetivos políticos e seletivos."
Senador do PSDB também critica "espetáculo"
Apesar de adversário do PT nas últimas eleições, o senador tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE) também foi na mesma linha dos petistas e criticou a espetacularização da prisão. O senador chamou a ação de "abuso de autoridade" por parte da Justiça.
"Não tem razão alguma para prender um ex-presidente da República que tem endereço fixo e está à disposição da Justiça", declarou.
Tasso criticou o Judiciário e, sem citar outros casos, disse que "a situação está passando dos limites". Para o congressista, o Senado deveria se empenhar em retomar o projeto de lei que caracteriza o abuso de autoridade.
"Isso é um processo de abuso de autoridade, o que vem acontecendo com alguma frequência."
"É um ex-presidente da República e, pelo que eu saiba, não estava fugindo e tem endereço conhecido. Não há nenhuma razão legal para isso a não ser esse processo de desmoralização dos políticos, agora também do Judiciário. É um grande risco para a democracia."
Tasso disse ainda defender Temer "com a isenção de que, dentro do PSDB, sempre foi oposição" ao ex-presidente, que assumiu o cargo após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
O tucano declarou que "o momento é de bom senso" e que "espetáculo para as redes sociais não vão resolver nada, apenas piorar". "É mais um espetáculo midiático [a prisão de Temer] para agradar esse ou aquele setor."
A reação do tucano vai na contramão da repercussão da prisão no Congresso Nacional, onde muitos políticos comemoraram o fato.
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