Comandante tem que decidir, e não ser aplaudido, diz Mourão
Enquanto o governo de Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta uma crise na relação com o Congresso por causa da reforma da Previdência, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse hoje, a uma plateia de empresários em São Paulo, que o governo tem que encarar a tomada de medidas impopulares.
"O comandante não tem que ser aplaudido no pátio. O comandante tem que tomar decisões", disse Mourão, que é general da reserva do Exército.
A fala do vice tem como pano de fundo a troca pública de críticas nos últimos dias entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre as dificuldades na articulação para a aprovação da PEC da Previdência.
Uma das críticas de Maia foi de que Bolsonaro deveria "ter mais tempo para cuidar da Previdência e menos tempo cuidando do Twitter, porque senão a reforma não vai avançar".
O vice também defendeu que o governo trabalhe com o Congresso, que "representa a população".
"Vai levar pedrada? Vai levar pedrada. Isso faz parte da vida política. Todos sabem que minha experiência política é baixíssima, mas o bom senso tem que prevalecer nessas horas."
Segundo Mourão, o governo foi eleito para cumprir a missão de fazer reformas, mesmo que elas não tragam popularidade.
"É a tarefa que nós temos. Nós temos que tomar algumas medidas que não serão as mais populares, para que todos os brasileiros tenham futuro", afirmou.
Apesar do tom das declarações, Mourão fez uma defesa veemente de Bolsonaro, a quem chamou de "estadista".
"Bolsonaro não é nem nunca será uma ameaça à democracia", disse o vice-presidente. "Ele é um estadista. Ele não está pensando nas próximas eleições. Está pensando nas próximas gerações. Isso é sincero."
As declarações de Mourão foram dadas em discurso durante uma reunião com representantes do setor produtivo na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na capital paulista.
À noite, o vice de Bolsonaro participa de jantar na casa de Skaf com empresários.
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