Em carta lida em ato, Lula diz que rivais estão mais raivosos e envenenados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em carta enviada a militantes que seus adversários estão sendo contaminados pela raiva que o colocou na prisão há exatamente um ano. A carta do ex-presidente foi lida hoje pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em ato realizado na frente da Superintendência da PF (Policia Federal), em Curitiba, para recordar os 365 dias presos do petista.
"Meus adversários procuram motivos para comemorar e não encontram. Estão cada vez mais ricos, mas sua fortuna obtida à custa do sofrimento de milhões de brasileiros não lhes traz felicidade", escreveu o ex-presidente na carta. "Eles estão cada vez mais raivosos, infelizes e envenenados pelo próprio (veneno) que destilam", disse.
Lula repetiu na carta ser "um preso político" e "exilado". O ex-presidente recordou que a saída temporária da prisão para o velório de seu neto Arthur, no mês passado, deixou claro a repressão contra ele.
Viaturas, helicópteros e militares portanto armamento pesado, tudo para impedir que eu até mesmo acenasse para as pessoas solidárias à dor de um avô
Luiz Inácio Lula da Silva, em carta lida por Gleisi Hoffmann
Para o ex-presidente, seus adversários têm medo de sua liberdade e também da união do povo, que já mostrou ser capaz de transformar o país. "Juntos vamos reverter cada retrocesso, cada passo atrás na caminhada rumo ao Brasil que sonhamos e provamos ser possível construir".
De acordo com a organização da Vigília Lula Livre, cerca de 10 mil militantes estiveram na manhã de hoje, em Curitiba. A PM (Polícia Militar do Paraná) informou que estima o público entre 3 mil e 5 mil pessoas. Pelo 365º dia consecutivo, a vigília reuniu apoiadores do ex-presidente para dar bom dia a Lula em coro, do lado de fora do prédio da PF. O ato será repetido à tarde e à noite.
A segurança foi reforçada pela PM no local, com a determinação de um perímetro de segurança em volta da sede da PF. O trânsito de veículos no local também foi alterado.
O evento integra uma série de protestos e manifestações convocados em 21 estados para lembrar a prisão do ex-presidente. Em Curitiba, onde Lula está preso, uma caminhada na região da Superintendência da PF já foi realizada, seguida por apresentações musicais e um ato inter-religioso.
Com pneumonia, Dilma é ausência
A ex-presidente Dilma Rousseff não esteve no ato pois está com pneumonia, mas enviou uma mensagem lida por Benedita da Silva, deputada federal e ex-governadora do Rio de Janeiro. A deputada informou que Dilma está em casa e que "está bem".
O evento ainda teve a participação de Fernando Haddad, candidato derrotado à Presidência em 2018 e que substituiu Lula na chapa presidencial, e de outras lideranças do PT, assim como integrantes do PCdoB, do PSOL e do PCO.
Membros da centrais sindicais também participam da mobilização. O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, aproveitou para discursar contra a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). "Faremos a greve geral da história do país contra essa reforma", disse ele.
Protestos contra Bolsonaro e Moro
Os militantes presentes, aliás, provocaram e protestaram contra o presidente Jair Bolsonaro. "Doutor eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", gritaram, em coro. Também sobraram críticas ao ministro da Justiça, Sergio Moro, que era juiz e foi o primeiro a condenar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo o tríplex em Guarujá (SP). Posteriormente, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) também condenou o ex-presidente, o que levou Lula à cadeia em 7 de abril de 2018.
Em fevereiro de 2019, Lula foi condenado pela segunda vez. Desta vez, a Justiça Federal entendeu que é culpado por crimes de corrupção ligados ao sítio de Atibaia. O ex-presidente ainda recorre da sentença, pois diz não ter cometido crimes.
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