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General: Carlos é imaturo, e Bolsonaro precisa desautorizá-lo em ataques

O general Luiz Eduardo Rocha Paiva - Folhapress
O general Luiz Eduardo Rocha Paiva Imagem: Folhapress

Constança Rezende e Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

02/07/2019 20h39

O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, membro da Comissão de Anistia do governo federal, classificou nesta noite o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) de "imaturo, irresponsável e mal-educado" e cobrou uma atitude do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"É só o presidente dizer que Carlos não fala por ele e isso não vai ter repercussão em quem realmente está querendo trabalhar. Depende única e exclusivamente dele [do presidente]".
General Luiz Eduardo Paiva, ao UOL

Para o general, o filho do presidente da República retomou os atritos entre os militares e a família Bolsonaro ao criticar indiretamente, ontem à noite, o general Augusto Heleno.

"Por que acha que não ando com seguranças? Principalmente aqueles oferecidos pelo GSI [Gabinete de Segurança Institucional, comandado por Heleno]", escreveu Carlos no Twitter ao comentar a prisão do sargento da Aeronáutica suspeito de portar cocaína na Espanha.

Após a crítica, o general Paiva disparou uma mensagem pelo Whatsapp, revelada pela revista Época, chamando Carlos de "pau-mandado" do escritor Olavo de Carvalho.

Nesta noite, ao UOL, o general da reserva reiterou as críticas ao filho '02' de Jair Bolsonaro, e disse que as atitudes do vereador têm causado problemas para o país.

"Será que ele é tão imaturo ou tão irresponsável que não vê isso? Tudo indica que isso é coisa que nasce desse relacionamento dele com esse Olavo de Carvalho", afirmou o general, foi comandante da Escola de Comando do Estado Maior do Exército e também secretário-geral do Comando do Exército.

Carlos é quem provoca

O general Paiva disse que Carlos é quem provoca os militares e pediu que Bolsonaro intervenha.

"Esse embate não é provocado pelos militares, mas por Carlos, inclusive com ofensas diretas. Bolsonaro deve dizer aos militares que desautoriza qualquer manifestação dele. Espero que se dê um basta nisso porque tem questões muito mais importantes para resolver do que ficar esse 'tititi' de uma pessoa que é mal-educada e desclassificada, em termos de comportamento político e social".
General Paiva

Para o general, o presidente precisa "dizer que Carlos não fala por ele". Hoje, em entrevista, o porta-voz do governo, general Rêgo Barros, foi questionado sobre as declarações de Carlos, mas deu resposta evasiva: "O presidente não comenta questões pessoais em quaisquer que sejam as mídias sociais".

Militares com o governo

Paiva disse que as declarações do filho do presidente não afastarão os militares do governo, mas desgasta.

"O que nos une, os militares da reserva e esse governo são as bandeiras que ele levantou para assumir o combate à corrupção, a insegurança pública, o desmonte legal da estrutura marxista leninista que está no estado e o liberalismo econômico, com responsabilidade social. E não vai ser o Carlos Bolsonaro que vai romper essa ligação", disse.

Ao mesmo tempo, o general Paiva diz que as críticas "podem romper individualmente porque cria problemas entre o presidente e determinado militar, como pode ter acontecido com o Santos Cruz", em relação ao ex-titular da Secretaria de Governo da Presidência da República, demitido em 13 de junho.