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Não há intenção de ferir a transparência de dados do Inpe, diz porta-voz

Vanessa Alves Baptista

Do UOL, em São Paulo

22/07/2019 19h22

O porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta noite que não há intenção do presidente Jair Bolsonaro de ferir a transparência de dados sobre desmatamento divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) - e alvos de crítica do presidente.

"Absolutamente não há intenção do presidente, do governo, de ferir essa cláusula pétrea que é a transparência do Poder Executivo com a nossa sociedade", afirmou o porta-voz.

A declaração foi dada após o presidente defender "disciplina e hierarquia" para publicação das informações e dizer que não quer ser "pego de calças curtas" com questões importantes que podem prejudicar negociações comerciais do Brasil.

"Planalto sempre trabalha pelo princípio da transparência. A intenção do senhor presidente é identificar desde pronto o relatório, quais são as demandas e as ações prospectivas para corrigir se for o caso e para potencializar eventuais dados que ali ocorram no relatório", afirmou o porta-voz.

Os dados produzidos pelo projeto Deter --aos quais o presidente Bolsonaro se referiu em sua fala mais cedo-- são diariamente enviados ao Ibama e mostram a tendência de desmate na Amazônia.

As informações consolidadas sobre o desmatamento total no ano são produzidas pelo Prodes, outro projeto do Inpe.

Na sexta-feira passada, Bolsonaro chamou os dados sobre desmatamento de "mentirosos" e disse o presidente do Inpe, Ricardo Galvão, parecia ser "alguém vinculado a alguma ONG".

Segundo os dados do Deter, mais de 1.000 quilômetros quadrados de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês -um aumento de 68% em relação a julho de 2018.

No fim de semana, Galvão, disse que "pode até ser demitido", mas que o instituto tem solidez para resistir aos ataques do governo. O instituto também foi defendido por agremiações de cientistas como a SBPC e a ABC.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.