Quatro vezes em que Bolsonaro retaliou seus críticos
Em quase oito meses de gestão, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou o cargo e seu poder para retaliar seus críticos. Em alguns casos, o mandatário partiu para o ataque verbal, em outros, o discurso teve consequências práticas.
Separamos quatro casos que ocorreram no mês de agosto. Entre os alvos de Bolsonaro estão: Luciano Huck, Alexandre Frota, o presidente da OAB e imprensa.
Recado a Luciano Huck
O caso mais recente envolveu o apresentador de TV Luciano Huck, que criticou o governo: "Estamos vivendo o último capítulo do que não deu certo", disse o global.
Um dia depois, Bolsonaro deu uma indireta ao apresentador e disse que ia "mostrar tudo que ele [Huck] fez", mencionando uma suposta 'caixa-preta' no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) utilizada para financiar a compra de um jatinho particular da Embraer.
De fato, quatro dias após a fala de Bolsonaro, o BNDES publicou uma lista de 134 compradores de jatinhos da Embraer que contrataram financiamento entre 2009 e 2014. A lista incluía R$ 17 milhões liberados para uma empresa do apresentador.
Expulsão de Alexandre Frota
Outro caso recente envolveu o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), forte apoiador de Bolsonaro durante as eleições de 2018.
Em poucos meses de gestão, Frota passou a criticar algumas decisões do presidente, principalmente a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Em meio ao desgaste, Bolsonaro articulou pessoalmente a expulsão de Frota do PSL, cobrando diretamente o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE).
Retaliação à imprensa
No começo do mês, Bolsonaro assinou uma MP (Medida Provisória) que desobrigou as empresas de capital aberto (com ações na Bolsa) a publicarem seus balanços financeiros em veículos impressos.
Ao comentar a medida, o presidente foi irônico e disse que estava retribuindo os "ataques da imprensa". "[Fui eleito] Sem TV, sem tempo de partido ou recursos, com parte da mídia todo dia esculachando a gente. No dia de ontem eu retribui parte do que grande parte da mídia me atacou".
Segundo Bolsonaro, as empresas pagavam, em média, R$ 900 mil por ano aos veículos de imprensa para publicarem seus balanços.
Ataques a Felipe Santa Cruz
Após questionar a atuação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nas investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada no ano passado, Bolsonaro partiu para o ataque contra Felipe Santa Cruz, presidente instituição.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade". Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai de Felipe, foi assassinado pela ditadura militar.
Felipe rebateu os comentários, dizendo que "Bolsonaro não sabe separar o público do privado" e demonstra "traços de caráter graves a um governante: a crueldade e falta de empatia".
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