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"Tá na cara que vou ser cobrado", diz Bolsonaro sobre discurso na ONU

Do UOL, em São Paulo

19/09/2019 19h37

Jair Bolsonaro (PSL) falou hoje (19) sobre o discurso que pretende fazer na próxima terça-feira (24), na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. O presidente da República deixou claro que pensa que será cobrado e "apanhará" da mídia em Nova York, nos Estados Unidos.

"Nós iremos para Nova York, lá na ONU, para fazer um pronunciamento, e tá na cara que vou ser cobrado. Alguns países me atacam, de forma bastante virulenta, dizendo que sou responsável pelas queimadas no Brasil. Queimada tem todo ano, infelizmente. Quer que faça o quê? Tem. Até por questão de tradição, o caboclo toca fogo para plantar, o índio faz a mesma coisa... Tem aqueles que fazem de forma criminosa também", disse ele, durante a live desta semana no Facebook (veja trechos acima).

"Se Deus quiser, vou estar em Nova York na terça-feira. Estou me preparando para um discurso bastante objetivo, diferente de outros presidentes que me antecederam. Ninguém vai brigar com ninguém lá, pode ficar tranquilo. Vou apanhar da mídia, que sempre tem do que reclamar, e vou falar como anda o Brasil nesta questão. Eles querem desgastar a imagem do Brasil para ver se criam um caos aqui. Quem se dá bem? O pessoal lá de fora. Se a nossa agricultura cair, outros países que vivem disso vão se dar bem", afirmou.

"Vocês vão ter um presidente que vai falar com o coração, com patriotismo e sobre soberania nacional. Esta que sempre esteve ameaçada, e que agora muita gente consegue entender que, infelizmente, eu e alguns poucos do Brasil estávamos com razão. Agradeço mais uma vez ao presidente Donald Trump, que defendeu que nenhuma medida poderia ser proposta sem ouvir o Brasil, um país que tem amigos no mundo todo, e todo tipo de raça", completou Bolsonaro.

Mais uma vez, o presidente não negou a existência de queimadas na região amazônica, mas, sem provas, voltou a acusar seus críticos de terem interesses paralelos à preocupação com os incêndios.

"Como combater isso [as queimadas] sem meios na região amazônica, que pega, se não me engano, 10 estados? Que é maior que a Europa Ocidental? É complicado, mas a gente faz o possível. Eles batem na gente duramente porque queriam que eu voltasse desses grandes eventos e demarcasse mais duas dúzias de reservas indígenas, quilombolas, ampliasse parques ambientais. Se eu assinar decretos para isso, o incêndio acaba imediatamente na região amazônica", ironizou Bolsonaro.

"O que alguns países estavam fazendo com essa historinha de dinheiro para o fundo amazônico? Estavam comprando a Amazônia! O índio quer ter uma vida semelhante à nossa. Quer o dentista, o médico para curá-lo de alguma coisa, quer energia elétrica, se maravilha com a internet. Ele quer o que nós queremos e temos! O que alguns países de primeiro mundo querem? Mantê-los de forma primitiva, como se fossem pré-históricos, para explorar as riquezas de baixo da terra", criticou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.