Eduardo Bolsonaro fala em novo AI-5 "se esquerda radicalizar"
Resumo da notícia
- Filho do presidente disse que "alguma resposta" tem que ser dada à esquerda
- Eduardo fez menção ao ato que marcou o início do período mais duro da ditadura
- A declaração do líder do PSL na Câmara gerou críticas entre políticos
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), líder do PSL na Câmara, sugeriu hoje a criação de um novo AI-5 (Ato Institucional Número 5). Em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube, o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que é preciso ter uma "resposta" caso a esquerda radicalize. "Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, executavam e sequestravam grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, militares", disse.
Decretado em 1968, durante a ditadura militar, o AI-5 fechou o Congresso Nacional, cassou mandatos, suspendeu o direito a habeas corpus para crimes políticos, entre outras medidas que suspenderam garantias constitucionais. O ato é considerado o início do período mais duro da ditadura.
Para Eduardo, uma "resposta" à esquerda poderia vir por meio de "um novo AI-5". Ele também disse que outra possível medida poderia fazer um plebiscito contra a esquerda.
"Alguma resposta vai ter que ser dada. É uma guerra assimétrica, não é uma guerra em que você está vendo o seu oponente do outro lado e você tem que aniquilar, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação, aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto, mas a gente tem que ficar atentos (sic)", disse.
A declaração de hoje do filho do presidente da República foi dada após o deputado ser questionado sobre a situação dos países vizinhos ao Brasil, como Chile, que enfrenta uma onda de protestos, e Argentina, que elegeu Alberto Fernández, ligado à esquerda, como presidente.
Na última terça-feira (29), Eduardo já havia indicado o uso de força policial no caso de protestos semelhantes aos do Chile acontecerem no Brasil.
O filho do presidente ainda deu a entender, na entrevista divulgada hoje, que as manifestações são financiadas por Cuba e Venezuela. Ele não apresentou comprovação sobre suas teses. "Seria ingenuidade achar que isso não é arquitetado [...] Desconfiamos que esse dinheiro vem muito por conta do BNDES, que no tempo de Dilma e Lula fazia essas obras superfaturadas no porto de Mariel, em Cuba, ou contrato de 'Mais Médicos', que rendia mais de R$ 1 bilhão para a ditadura cubana. Por que não acreditar que esse dinheiro vai se voltar para cá para fazer essas revoluções?"
Eduardo também usou em seu argumento a ideia de que Cuba "sempre foi um câncer na região, exportadora desse sistema socialista, que tenta tomar o poder pela força e instabilidade". "Agora, tem associada a si a Venezuela, que é uma população muito maior do que a de Cuba, e o país é o maior produtor de petróleo do mundo. Então, agora, eles têm condições de bancar isso num nível muito maior do que na América Latina. A gente, em algum momento, tem que encarar de frente isso."
Repercussão
A declaração do parlamentar sobre um novo AI-5 rapidamente repercutiu e virou um dos temas mais comentados no Twitter. Políticos, partidos e entidades criticaram a entrevista do deputado.
Em nota, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, disse que "ameaçar a democracia é jogar o Brasil novamente nas trevas".
O partido Novo também condenou a declaração de Eduardo. "Os políticos devem defender a liberdade do cidadão, e não medidas autoritárias, como vimos durante o período militar", comentou a sigla.
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