Eduardo se desculpa, diz que fala foi deturpada e que não haverá novo AI-5
O deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pediu desculpas hoje por ter sugerido a criação de um "novo AI-5" (Ato Institucional número 5) caso as esquerdas brasileiras "se radicalizem". Eduardo deu a nova declaração ao apresentador José Luiz Datena, no programa Brasil Urgente, da Band.
"Peço desculpas a quem porventura tenha entendido que eu estou estudando o retorno do AI-5, ou achando que o governo de alguma maneira - mesmo eu não fazendo parte do governo - estuda alguma medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe", declarou o deputado, dizendo que sua fala em entrevista à jornalista Leda Nagle foi mal interpretada.
"Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei. Eu apenas citei o AI-5, não falei que está retornando. Fico bem confortável, bem tranquilo, agradecendo a oportunidade para deixar isso claro: não existe retorno do AI-5."
Apesar de negar que tenha aventado essa possibilidade, a fala de Eduardo na entrevista a Leda Nagle foi exatamente essa: "Se a esquerda radicalizar a esse ponto [de reproduzir no Brasil protestos como no Chile], vamos precisar dar uma resposta. E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada".
"Alguma medida vai ter que ser tomada"
O deputado também compartilhou em seu Twitter um vídeo no qual afirma que os protestos chilenos são "vandalismo, depredação e terrorismo" e que isso não vai se repetir no Brasil.
Na entrevista ao Brasil Urgente, o deputado disse que foi "infeliz" ao falar sobre o AI-5, mas que os protestos chilenos impedem o direito básico de ir e vir.
"Lá não existem protestos. Estão ocorrendo quebra-quebra, incendiando ônibus, incendiando prédios públicos, fazendo todo tipo de situação para se levar ao caos. O presidente Piñera, do Chile, voltou atrás naquela medida de aumento das passagens de metrô, que foi o start para todo esse vandalismo. O que eu falei? Trazendo para o Brasil, e se a esquerda radicalizasse aqui no Brasil, alguma medida vai ter que ser tomada. Isso não configura o pleno exercício da democracia. Isso impede as pessoas no seu direito básico de ir e vir", declarou o filho do presidente.
"Talvez eu tenha sido infeliz ao falar do AI-5, porque não existe qualquer possibilidade de retorno do AI-5, mas nesse cenário, o governo tem que tomar as rédeas da situação
deputado federal Eduardo Bolsonaro, em entrevista ao Brasil Urgente
Eduardo também afirmou que a lei antiterrorismo brasileira é inócua pois permite protestos de organizações como o MST e o MTST. "Essa galerinha que fala em assembleia geral, junta meia dúzia e toca fogo em pneus, e acaba com o trânsito em rodovias. Isso daí são atentados que visam levar o terror e a instabilidade à sociedade".
Por fim, o filho do presidente alegou ser favorável a manifestações, mas apenas deu exemplos virtuais de protestos. "Mesmo (que) a manifestação seja contra o presidente Jair Bolsonaro ou contra mim, acho que ela é válida. Quando da minha indicação à Embaixada dos EUA, pessoas vieram nas redes sociais e disseram ser contrárias à indicação. Acabei escutando", finalizou.
Repercussão negativa
A declaração de Eduardo não foi bem recebida por políticos e partidos, que quase em unanimidade criticaram o deputado federal.
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a fala de Eduardo é "repugnante" e passível de punição. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, qualificou a declaração como uma "afronta à Constituição". Já partidos de esquerda se reuniram e informaram que vão pedir ao Conselho de Ética da Câmara a cassação do filho do presidente.
Bolsonaro desautoriza fala, mas diz que foi deturpada
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) negou a chance da criação de um novo AI-5. Durante um evento realizado nesta tarde, o presidente foi questionado sobre a fala do filho e respondeu dizendo que quem fala isso "está sonhando".
Pouco tempo depois da coletiva, porém, Bolsonaro disse que parte da fala do filho foi "distorcida". A declaração foi dada em entrevista ao vivo a José Luiz Datena, no programa Brasil Urgente (Band). Apesar de relativizar as declarações de Eduardo, o presidente reiterou que um novo AI-5 não é uma opção.
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