"Moro nunca foi juiz, sempre foi agente político", diz Fernando Haddad
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que disputou a Presidência da República contra Jair Bolsonaro (PSL) em 2018, criticou o ministro Sergio Moro em entrevista ao canal TV Giramundo, do jornalista Fabio Pannunzio. "Moro nunca foi juiz, sempre foi agente político", disse o petista.
A declaração foi feita após a revelação ao canal, no fim de semana, de que Moro já tinha aceitado fazer parte do governo Bolsonaro antes da conclusão do processo eleitoral e enquanto ainda era juiz da Operação Lava Jato. A informação veio à tona por Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência da República, que foi desligado do governo Bolsonaro logo no início do mandato.
De acordo com Bebianno, Paulo Guedes teria afirmado a ele, no dia do segundo turno das eleições de 2018, que já tinha mantido cinco ou seis conversas com Moro "e que Sergio Moro estaria disposto a abandonar a magistratura e aceitar esse desafio como ministro da Justiça".
Bebianno fez a afirmação enquanto comentava sobre os bastidores do começo do novo governo.
Segundo Pannunzio, o PT se sente prejudicado na disputa presidencial por atitudes tomadas por Moro, que foi um dos responsáveis pelo afastamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da corrida eleitoral.
Sete dias antes da votação, o então juiz federal levantou o sigilo de uma delação premiada do ex-ministro petista Antônio Palocci que maculava o campo petista, mas que não havia sido aceita pelo Ministério Público.
Para Fernando Haddad, Moro orquestrou uma série de manobras que acabaram por viabilizar a candidatura e a eleição de Jair Bolsonaro.
"Se ele [Paulo Guedes, aliado de Bolsonaro] tem cinco ou seis encontros com o Moro entre o primeiro e o segundo turno, isso deveria ser público. Ele omitiu, inclusive, do Congresso Nacional essa informação. O que, do meu ponto de vista, revela um viés, como tudo que ele [Moro] faz na vida. O Moro nunca foi juiz, na minha opinião. Sempre foi um agente político, sempre teve um projeto de poder. O processo pelo qual ele condenou o Lula é uma verdadeira farsa", afirma o ex-prefeito.
Na opinião de Haddad, foi "monstruoso" para sua campanha à Presidência o reflexo da quebra do sigilo da delação de Palocci, que ele avalia como "uma falácia de ponta a ponta".
"Faz parte de uma orquestração, a delação por si só é uma fake news", critica.
Sobre o que seu partido deve fazer a respeito das declarações de Bebianno, ele responde: "Se ele [Moro] mentiu para o Congresso Nacional, é grave. Nos Estados Unidos, eu não sei onde estaria o Moro, mas certamente não seria no Ministério da Justiça. Tem uma abertura de impeachment contra o Trump por 10% do que o Moro fez."
Quanto ao futuro na política, Haddad diz que não é candidato à Prefeitura de São Paulo e que Lula é seu nome para 2022.
"Sobre 2022, a primeira coisa é não perder o foco. Nós temos que defender a suspeição do Moro para que o Lula tenha um julgamento justo. Naquele processo não tem nenhuma prova contra o Lula. Nós vamos nos somar ao Lula para a gente chegar em 2022 em condições de eleger alguém do nosso campo."
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