Deputados partem para agressão e sessão termina em confusão em SP
A discussão da PEC da reforma da Previdência do estado de São Paulo terminou em confusão, enquanto o deputado Arthur do Val, mais conhecido como 'Mamãe Falei' (sem partido), discursava na tribuna da Assembleia Legislativa, na noite de hoje.
Após Val chamar petistas e líderes sindicais de "vagabundos", em vários momentos, deputados da bancada do PT e do PSOL subiram à tribuna. Houve trocas de socos e confusão generalizada.
Eu ouvi um discurso muito bonito do Enio Tatto falando mal do PSDB. Mas eu quero saber de vocês, onde estavam quando o PT votou no PSDB para presidência da casa, bando de vagabundo. Onde estavam? Cadê o líder sindical? É vagabundo, sim. Olhe pra mim, você está com medo? Eu quero saber do bando de petistas, que querem o 'Lula Livre'
Ao perceber a confusão, o presidente da casa, o deputado Cauê Macris (PSDB-SP), pediu a ajuda da Polícia Militar e encerrou imediatamente a sessão. (Assista, na íntegra, abaixo)
Ao UOL, por telefone, Val acusou o deputado Enio Tatto (PT-SP) de ter iniciado a confusão ofendendo a ele e à colega, Janaína Paschoal (PSL-SP).
"Existe um projeto na casa para ampliação de verba para publicidade da Alesp, e que vai custar R$ 40 milhões aos cofres públicos. A Janaína [Paschoal] foi subir na tribuna [para falar contra o projeto]. O deputado Enio Tatto do PT não gostou e começou a xingá-la, dizendo que ela havia sentado no colo de João Doria. Eu rebati. Eles não gostaram e começaram a me xingar também, me chamando de bandido, filho da puta, nazista e fascista", explicou Val.
"É uma cena lamentável, com certeza, mas não vou aguentar esse tipo de xingamento, o cara me chamando de nazista e fascista", completou.
A reportagem tentou contato com o deputado petista Enio Tatto, mas não obteve retorno até o momento.
Ao jornal "Agora S. Paulo", Tatto se defendeu. "Ele [o deputado Arthur do Val] pediu primeiro a fala do Paulo Friorilo (PT) e provocou o pessoal do plenário, perguntando se o o pessoal ia ter estômago, e começou a provocar. Chamou o pessoal de vagabundo várias vezes, o presidente Cauê Macris (PSDB) advertiu. Ele diz que é por causa do que eu falei com a deputada Janaína Paschoal (PSL), mas eu já me desculpei, e ela aceitou as minhas desculpas. Está tudo certo. Ele fez para tumultuar."
No Twitter, Macris lamentou a confusão e afirmou que o caso será analisado pela Comissão de Ética da Casa.
Também em redes sociais, Val rebateu também o youtuber Felipe Neto, que publicou a cena da confusão e disse que "a política brasileira virou piada".
"Arriscar a vida para combater privilégios não é piada. Só sabe disso quem sai do YouTube para vida real", respondeu o deputado paulista. "Piada é ele, que não saba nada política brasileira. É um coitado", afirmou o deputado, em contato com a reportagem.
Quem é "Mamãe Falei"
O deputado estadual e youtuber de direita Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei, ficou famoso nas redes sociais ao ir a manifestações de esquerda e, com a câmera ligada, conseguir colocar em contradição manifestantes e lideranças. Tem 2,5 milhões de seguidores em seu canal no YouTube.
Sua última polêmica nesse sentido foi em abril do ano passado, quando teria sido agredido pelo então presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) após uma série de questionamentos provocativos.
O movimento do qual faz parte, o MBL (Movimento Brasil Livre), surgiu na esteira dos protestos pelo país em 2013 e 2014 e foi uma das lideranças nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff.
A exemplo de colegas do MBL, como o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM-SP) e o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), Do Val conseguiu capitalizar a popularidade adquirida nas manifestações de rua e na internet para ingressar na política.
Foi eleito deputado estadual pelo DEM-SP com 478.280 votos em 2018, uma enormidade atrás apenas dos 2 milhões de votos recebidos pela advogada Janaína Paschoal (PSL-SP). Mas das eleições para cá, algo parece estar mudando.
PEC da Previdência
A proposta de reforma da previdência de Doria foi enviada ao Legislativo no último dia 12. A principal mudança na aposentadoria segue os moldes das regras adotadas pelo governo Jair Bolsonaro, instituindo idade mínima nas aposentadorias, de 65 anos, para homens, e de 62 anos, para mulheres. O tempo mínimo de contribuição será de 25 anos. Hoje, a regra para os servidores paulistas é de 30 anos de contribuição com idade mínima de contribuição de 55 e 60 anos para mulheres e homens, respectivamente.
A expectativa do governo paulista é de uma economia de R$ 32 bilhões aos cofres públicos na próxima década. A afirmação foi feita em coletiva de divulgação do projeto.
Doria defende que os méritos da reforma da Previdência realizada pelo governo federal. "Fui o primeiro governador a declarar meu apoio, sem pedir contrapartida, sem nada", afirmou, enquanto elogiava a atuação do Congresso para aprovar a medida. "Foi graças ao trabalho do Rodrigo Maia, do Davi Alcolumbre, dos líderes partidários que tivemos essa aprovação."
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