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Bolsonaro busca paz com Moro e diz que ministro "não mordeu a isca"

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sergio Moro  - Carolina Antunes - 18.dez.19/PR
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Sergio Moro Imagem: Carolina Antunes - 18.dez.19/PR

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

28/01/2020 10h12Atualizada em 28/01/2020 13h21

Resumo da notícia

  • Presidente minimiza desgaste após ter ameaçado esvaziar poder de ministro
  • Bolsonaro cogitou desmembrar ministério e tirar PF do comando do ex-juiz
  • Filho mais velho de presidente é algo de investigação no Rio
  • Segundo Bolsonaro, "o tempo todo tem alguém beliscando ministério"

"Agora, pelo que vi, o Moro não mordeu a isca. Nem eu". Assim o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) buscou hoje minimizar os atritos com o ministro Sergio Moro e colocar um ponto final no impasse criado com a possível separação ministerial entre Justiça e Segurança Pública.

Na estrutura atual, o ex-juiz da Operação Lava Jato comanda as duas atribuições em uma pasta única, com controle sobre órgãos importantes como a Polícia Federal. Bolsonaro está atento ao jogo de poder dentro da PF porque o seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), é investigado no Rio de Janeiro em razão de transações financeiras consideradas atípicas de seu ex-assessor Fabricio Queiroz.

O desgaste entre Moro e Bolsonaro foi criado depois que o presidente sinalizou a secretários estaduais de segurança a possibilidade de recriar o "Ministério da Segurança Pública", que existia até o fim do governo de seu antecessor, Michel Temer. A medida esvaziaria o poder de Moro dentro do governo federal.

"É comum. É a luta pelo poder. O tempo todo tem alguém beliscando ministério", disse o presidente. "Agora, pelo que vi, o Moro não mordeu a isca. Nem eu. Continua ele com o ministério [da Justiça e Segurança Pública], sem problema nenhum."

Segundo afirmou o mandatário, os dois devem ser encontrar ainda nesta semana. O motivo da agenda não foi explicado, mas eles devem aproveitar para, em caráter definitivo, pacificar a relação.

Bolsonaro foi intensamente criticado nas redes sociais pela tentativa de esvaziamento do ministro, cuja popularidade é grande desde o período em que ele estava à frente da Lava Jato.

Segundo o colunista do UOL Tales Faria, o medo de que ex-magistrado pedisse demissão — manchando a imagem do presidente em relação a seus apoiadores — fez Bolsonaro recuar. Assessores, amigos e aliados do presidente alertaram-no do perigo de deixar o ministro insatisfeito.

Hoje, Bolsonaro tratou de relativizar as brigas internas no governo e argumentou que disputas também ocorrem em outros ministérios, como o do Desenvolvimento Regional, chefiado por Gustavo Canuto.

A possibilidade de recriação da pasta da segurança representa mais um capítulo no embate quase sempre silencioso entre Bolsonaro e Moro, hoje com uma popularidade maior que a do chefe, segundo pesquisas de opinião pública, e considerado um potencial candidato na eleição presidencial de 2022.

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