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Sakamoto: Defesa de Bolsonaro usa velha tática de jogar aliados aos leões

A defesa de Jair Bolsonaro utiliza a conhecida estratégia de incriminar os aliados do ex-presidente para tentar livrá-lo das acusações de envolvimento na trama golpista, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (3).

Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, alegou que seu cliente não seria beneficiado com o plano golpista revelado pela Polícia Federal e insinuou que militares pretendiam traí-lo para assumir o poder. Em nota, o general Braga Netto classificou a ideia de haver um golpe dentro do golpe como "tese absurda".

O objetivo de Bolsonaro e de sua defesa é reforçar uma prática que o presidente já tem há muitos anos: na dúvida, jogue os aliados aos leões para salvar o próprio pescoço. Isso já aconteceu antes.

Os generais compartilham uma visão de mundo com Bolsonaro, mas são pessoas inteligentes. Muito me estranha que eles não soubessem que, caso o golpe desse errado, Bolsonaro os jogaria na vala comum para sobreviver. Essa está sendo a defesa.

Coloca-se que Bolsonaro não sabia de nenhum plano e que esses tantos militares estrelados, de alta patente, envolvidos nele estavam fazendo uma grande conspiração para dar um golpe de Estado, com o ex-presidente sendo usado como justificativa.

A ideia do golpe era colocar as Forças Armadas como uma espécie de 'poder moderador', entregando de volta a Bolsonaro o poder civil. Os militares nem precisariam assumir, porque já estavam no poder. A gestão Bolsonaro foi uma parceria de setores das Forças Armadas com o bolsonarismo civil. Isso continuaria. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Sakamoto destacou que Bolsonaro tenta a todo custo se livrar de sua responsabilidade na trama golpista e colocar toda a culpa nos militares próximos a ele, mas se esquece das evidências claras que o colocam no centro do caso.

Bolsonaro está aproveitando esse elemento presente para falar que 'tudo é coisa deles'. (...) Ele tenta ressignificar tudo o que aconteceu e jogar nas costas.

Nós, brasileiros democratas, temos que torcer pela briga entre os generais golpistas e Bolsonaro. A partir dela, podem ser revelados elementos importantíssimos para aprofundar a percepção do que foi essa trama de golpe. Se eu fosse os generais nesse exato momento, bora delatar e botar tudo para fora! Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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Josias: Bolsonaro joga cúmplices ao mar e se arrisca a encarar nova delação

Jair Bolsonaro corre o risco de ver a tática de jogar a responsabilidade pela trama golpista nas costas de aliados se voltar contra ele próprio em forma de uma nova delação premiada, disse o colunista Josias de Souza.

Há um incômodo geral com a estratégia do Bolsonaro e isso veio à tona pela primeira vez. É evidente que isso resultará em alguma coisa, pelo menos na construção de defesas que não ornarão uma com a outra. Bolsonaro dirá 'A', seus cúmplices 'Z' e ficará uma situação complicada.

Até aqui, eles vinham operando em conjunto. Um preservava o outro, exceto pelo Mauro Cid, que fez a delação. Nos depoimentos, esses generais ou silenciaram ou deram versões que não comprometiam Bolsonaro.

Se optarem por uma delação, ela tem uma lógica. A PF já descobriu a essência da trama golpista. Há uma profusão de evidências. Se um general como esse Mário Fernandes decide eventualmente firmar um acordo de delação premiada, terá que atirar para cima. A lógica da delação é que alguém que compõe uma organização criminosa delate aquele que está acima e traga novidades.

Por isso é tão perigosa para Bolsonaro essa estratégia de jogar os seus cúmplices ao mar. Se você compromete a defesa de um general e o encurrala, deixando-o sem alternativa, não lhe restará se não um acordo de delação e, nessa hipótese, ele atirará para o alto. Neste caso, isso significa torpedear Bolsonaro. Josias de Souza, colunista do UOL

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