Cabral diz que sua mulher, Adriana Ancelmo, sabia de seu "caixa paralelo"
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) confirmou na tarde de hoje que utilizou a rede de restaurante japonês Manekineko e o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, sua mulher, para lavagem de dinheiro obtido por ele de maneira ilícita, com propinas.
Foi a primeira vez que Cabral depôs na condição de colaborador, após o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin homologar o acordo de Cabral com a Polícia Federal. Os termos do acordo são sigilosos.
A pouca familiaridade com o banco de testemunhas fez com que no início do depoimento, o juiz federal Marcelo Bretas brincasse com o ex-governador. Ao ver que Cabral sentou na cadeira dos réus da sala de audiências da 7ª Vara Federal Criminal, o juiz pediu em tom de brincadeira: "Peço que o senhor sente-se do outro lado, o senhor agora foi promovido".
Em depoimento que durou menos de uma hora, Cabral afirmou que a ex-primeira-dama sabia que ele tinha um "caixa paralelo", mas que desconhecia a origem do dinheiro e onde os recursos estariam. Ele disse, contudo, que Adriana usufruía dos valores.
"Ela [Adriana] não sabia de dinheiro do exterior. Nunca abri para ela, nem para filho, ex-mulher e ninguém. Só Carlos Miranda [operador de Cabral] e eu sabíamos. Ela sabia que tinha um caixa paralelo, sabia que os gastos eram incompatíveis com minha renda formal", afirmou o ex-governador.
Cabral afirmou ainda que Adriana ia "convivendo" com a situação de gastos além do salário formal, mas "nunca sentou com fornecedor". Ele explicou que não tem objetivo de defendê-la, mas somente de falar a verdade.
Adriana é ré num processo aceito pelo juiz Bretas após denúncia do MPF (Ministério Público Federal). A denúncia afirma que cerca de R$ 4 milhões foram lavados utilizando a rede de restaurantes Manekineko e o escritório de advocacia de Adriana.
De acordo com Cabral, os valores eram entregues a Thiago de Aragão Gonçalves Pereira e Silva, sócio de Adriana e também réu na mesma ação, para que fossem feitos pagamentos "por fora" a funcionários do Manekineko.
O ex-governador afirma, entretanto, que nem Thiago nem Ítalo Garritano, dono da rede de restaurantes, sabiam da origem do dinheiro ou sequer se era ilícito.
Após a entrega de dinheiro ilícito a Thiago, de acordo com os depoimentos, ele fazia os pagamentos não declarados a funcionários da Manekineko. Os réus afirmam que o único objetivo era se livrar de processos trabalhistas e distanciar o pagamento não registrado na carteira de trabalho da Manekineko.
Para manter o funcionamento do esquema, o escritório Ancelmo Advogados emitia notas fiscais falsas por serviços que jamais foram prestados à rede de restaurantes.
A defesa de Garritano, corroborada por Sérgio Cabral, insiste que o empresário entrou no esquema por uma fraude trabalhista e foi implicado erroneamente na lavagem de dinheiro.
Adriana se negou a falar na audiência de hoje, mas em depoimento anterior já havia negado todas as acusações e afirmado que somente prestava serviços ao Manekineko.
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