Bolsonaro diz que 'porteira fechada' a Regina Duarte está sujeita a 'vetos'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse à atriz Regina Duarte, Secretária de Cultura que tomou posse nesta quarta-feira (4), que ela terá relativa autonomia na nomeação de cargos para o órgão. Segundo o presidente, haverá "porteira fechada" a princípio, mas ele a lembrou que, em algumas ocasiões, costuma vetar pessoas para "preservar" seus subordinados de fatos que eles ignoram.
Quando Regina Duarte discursou, lembrou que foi prometido a ela "porteira fechada", enfatizando a palavra, e "carta branca" para montar sua equipe. Ela destacou que sua equipe vai se somar aos funcionários da Secretaria de Cultura. O presidente disse que Regina Duarte está em avaliação, um "momento probatório".
"O convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca... Hum... não vou esquecer não [risos]. Foi inclusive com esses argumentos que eu me estimulei e eu trouxe para trabalhar comigo uma equipe apaixonada, experiente, louca para botar a mão na massa."
Depois, no seu discurso, o presidente destacou que seus ministros têm liberdade de escolha. "Regina, todos os meus ministros também receberam o seu ministério de porteira fechada, ou seja, ele tem liberdade para escolher seu time", iniciou Bolsonaro. "Obviamente, em alguns momentos, eu exerço o poder de veto em alguns nomes. Já o fiz em todos os ministérios, para proteger a autoridade, que, por vezes, desconhece algo que chega ao nosso conhecimento", continuou.
Bolsonaro garantiu que não se trata de perseguição, mas de alinhamento com seu projeto político. "Isso não é perseguir ninguém. É colocar o ministério, as secretarias na direção que foi tomada pelo chefe do Executivo e que foi acolhida por ocasião daquele longo tempo de pré-campanha, [em] que o meu durou quatro anos", destacou. "Ao longo destes quatro anos, eu senti, em todos os cantos do Brasil, o que o povo queria".
O presidente disse que, no passado, "a cultura foi usada por intereses político-partidários". "Na minha cabeça, estava patente que essa não era a cultura que devia ser desenvolvida com dinheiro publico no Brasil."
Bolsonaro afirma que Regina Duarte vai "valorizar, por exemplo a Lei Rouanet, tão mal utilizada no passado". Segundo ele, os incentivos fiscais deveriam ser direcionados para obras de artistas em início de carreira ou que necessitassem "se consolidar no mercado" cultural.
O presidente disse que atriz "merece mais" do que ser secretária de Cultura, mas que Regina está em um momento de avaliação. "Você vai passar por um momento probatório. Eu tenho certeza que você vencerá esse momento, pelo passado, alegria e, acima de tudo, sinceridade. Você não está vendo um brucutu na sua frente, não. Você tem aqui um amigo."
Acenos, "pum de palhaço" e emoção marcam discurso de atriz
Ao chega à cerimônia, Regina acenou para a imprensa e para o público. Ela discursou emocionada e com a voz embargada várias vezes. "Uma cultura forte consolida a identidade da nação. A cultura é um ativo."
Ela agradeu aos apoios que recebeu para asumir o cargo quando estava nas ruas, supermercados, feiras e nas redes sociais. "Filha de professora de piano, pai militar, mãe de três filhos, avós de seis netos, municiada de coragem se apresentando para a missão", disse Regina, arrancando risos da plateia.
Regina disse que a cultura é "libertação". Fez um discurso em que lembrou que as artes adquirem formas diversas, desde brincadeiras de roda, passando por comidas regionais até cenas típicas de circo. Regina mencionou expressões como "aquele pum com talco espirrando no traseiro do palhaço", "palavrão", "tatuagem", "argamassa de comportamentos", "papagaio no céu", "pão de queijo", "capirinha", "desafio repentista" e "forró".
Ao final da cerimônia, a atriz Maria Paula, ex-integrante do programa "Casseta e Planeta", disse a jornalistas que apoia a chegada de Regina Duarte para o governo.
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