Bolsonaro cita jogos de futebol e Carnaval ao justificar apoio a protestos
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) citou futebol e o Carnaval para explicar o seu apoio às manifestações pró-governo, ocorridas hoje, em várias cidades do país. A declaração foi feita em entrevista ao canal de notícias CNN Brasil.
"O povo resolveu ir às ruas, e eu resolvi ver o que estava acontecendo. Passei de carro, não parei, e depois fui para a presidência. Agora, sabemos que as pessoas correm um risco seríssimo desse vírus deflagrar de forma grave em nosso país. Mas é uma realidade. O metrô está cheio, os ônibus estão cheios, o estádio de futebol... O Carnaval foi uma coisa inacreditável", justificou.
"Agora alguns, irresponsavelmente, querem colocar a culpa em mim por esse movimento. Não justifica. Essas pessoas querem se esconder e lançar uma cortina de fumaça sobre o seu trabalho que não está sendo reconhecido por parte da população", completou, em seguida, sem citar nomes.
Na última semana, Bolsonaro convocou rede nacional de TV para pedir que os atos fossem adiados. Mas hoje, Bolsonaro empurrou uma cerca de proteção para chegar mais perto das pessoas que o chamavam de mito e ofereciam até biscoitos.
Com uma camiseta da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e colete à prova de balas por baixo, Bolsonaro ficou mais de uma hora em contato com os apoiadores. "Não tem preço o que esse povo aqui está fazendo", resumiu.
Bolsonaro foi submetido a exames para o coronavírus após retornar na terça-feira de uma viagem aos Estados Unidos. Nela, reuniu-se com o presidente Donald Trump, acompanhado do chefe de seu serviço de Comunicação, testado positivo na quinta-feira.
Questionado se ficou com receio em tocar as mãos de apoiadores, Bolsonaro respondeu. "Eu não estou preocupado. Eu tomo as minhas devidas precauções. Mas eu sou o presidente do povo. Estive ao lado deles. Devemos tomar as medidas cabíveis, mas não podemos entrar numa neurose, como se fossem o fim do mundo. Outros vírus, muito mais perigosos e letais, aconteceram no passado e não aconteceu essa crise toda", ressaltou. "Proibir jogos de futebol pelo Brasil por conta do coronavírus é histerismo. Deveriam vender um percentual de ingressos pelo menos", completou.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza até agora 200 casos oficiais do novo coronavírus. (Veja a tabela completa abaixo) Neste momento, uma das principais recomendações do ministério para todo o país é que sejam cancelados ou adiados quaisquer eventos que reúnam grande número de pessoas: jogos de futebol, shows, manifestações.
Ainda durante a entrevista, Bolsonaro rebateu as críticas feitas pelos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente, sobre a sua saída.
"Eu gostaria que eles saíssem às ruas como eu. Nós, políticos, temos a responsabilidade e devemos ser quase escravos da vontade popular. Saiam às ruas e vejam como vocês são recebidos. Respeito os dois, não tenho problema nenhum com eles. Estão fazendo as suas críticas, mas estou tranquilo quanto a isso. Espero que eles não queiram partir para algo perigoso, depois das minhas palavras, aqui.
"Bolsonaro é inconsequente"
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre chamou de "inconsequente" estimular aglomerações durante uma pandemia e disse que é preciso seguir à risca as orientações do Ministério da Saúde.
"É hora de amadurecermos como Nação. Com a pandemia do coronavírus fechando as fronteiras dos países e assustando o mundo, é inconsequente estimular a aglomeração de pessoas nas ruas", disse em nota enviada à imprensa.
"Convidar para ato contra os Poderes é confrontar a Democracia", acrescentou. "É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros."
"Ele deveria estar no Palácio"
Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também comentou sobre as manifestações de hoje pelo país. Ele chamou de "atentado à saúde pública" o fato do presidente, Jair Bolsonaro, ter participado dos atos e apertado a mão de participantes.
"Por aqui, o presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas. Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo. A economia mundial desacelera rapidamente; a economia brasileira sofrerá as consequências diretas", disse Maia.
"O Presidente da República deveria estar no Palácio coordenando um gabinete de crise para dar respostas e soluções para o País. Mas, pelo visto, ele está mais preocupado em assistir as manifestações que atentam contra as instituições e a saúde da população", disse ainda. Para Maia, a situação é preocupante. "Somos maduros o suficiente para agir com o bom senso que o momento pede", afirmou.
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