Trevisan: "Eduardo demonstra mundialmente a incapacidade dos Bolsonaros"

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) causou um problema diplomático entre Brasil e China devido a publicações no Twitter ao acusar - sem provas - o país asiático de ter omitido informações sobre a pandemia do novo coronavírus (covid-19). E obteve uma resposta em tom fora dos padrões diplomáticos por parte de Yang Yanming, o embaixador da China no Brasil.

No podcast Baixo Clero #28, a jornalista Maria Carolina Trevisan critica a postura do congressista, filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), por causar uma crise com um país que é parceiro comercial do Brasil em um momento no qual o país também encara problemas devido à pandemia.

"A China é simplesmente o maior comprador de minério do Brasil, um dos maiores de proteína animal, o maior parceiro comercial do Brasil e do mundo. E aí o Eduardo Bolsonaro diz que o coronavírus é culpa da China, por causa do comunismo, enfim. Faz uma bagunçona lá, obriga o [presidente da Câmara dos Deputados] Rodrigo Maia (DEM-RJ) a se desculpar em nome da Câmara, causando ali um problema", afirma Trevisan (disponível no vídeo acima a partir de 32:38).

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"O embaixador da China no Brasil estava furioso no Twitter, respondeu publicamente, que é uma postura que diplomata geralmente não tem, então ficou muito feio para o país e isso demonstra mundialmente a incapacidade dos Bolsonaros em geral. O Mourão quis aliviar e disse 'ah, mas ele não é do governo'. Como que não é? Ele é um deputado federal, ele está lá representando o povo, na casa do povo, e é filho do presidente da República e a gente sabe que tem muita influência sobre ele", completa a jornalista.

Diogo Schelp também critica a postura do deputado brasileiro, mas não poupa o embaixador pela reação que teve e avisa que não tem 'mocinho' na discussão entre China e Estados Unidos a respeito do novo coronavírus (covid-19).

"Eu concordo que o Eduardo Bolsonaro, como é da prática dele, meteu os pés pelas mãos nesse episódio. Agora, o embaixador chinês também precisava tomar um Rivotril, porque a reação dele foi bem além do que se espera e costuma ser no meio diplomático a prática comum", afirma Schelp (disponível a partir de 34:25).

"É difícil acreditar num país que é uma ditadura que realmente muito centralizadora e controladora. E é verdade, isso é fato, que no início da crise eles tentaram segurar essa informação, inclusive os primeiros médicos a tentar dar o alerta do coronavírus foram punidos e tal, então, só para lembrar que aqui a gente não está falando de mocinho e bandido, é uma situação em que todos são bandidos, digamos assim", completa.

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