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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #28: "Com toda essa crise, Bolsonaro demonstrou incapacidade"

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Do UOL, em São Paulo

20/03/2020 04h00

Dias após se juntar a apoiadores em protesto a seu favor, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se viu pressionado por panelaços e o desembarque de antigos aliados, como a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), que pediu sua renúncia.

No podcast Baixo Clero #28, os jornalistas Carla Bigatto, Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan analisam as consequências da turbulência no governo em meio ao crescimento de casos da pandemia do novo coronavírus (covid-19), que já causou as primeiras mortes no país.

Enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recebe elogios pela atuação na pasta, declarações do presidente minimizando a preocupação sobre a doença mesmo depois de membros de sua comitiva na viagem mais recente aos Estados Unidos terem a confirmação do diagnóstico do covid-19, causaram uma exposição que até então Bolsonaro não havia encarado.

Na opinião da jornalista Maria Carolina Trevisan, os efeitos econômicos e as atitudes do presidente da República poderão causar o fim de seu governo.

"Eu acho que ele não sobrevive porque, com tudo isso, com toda essa crise, ele demonstrou uma incapacidade, uma incompetência de gerir uma equipe de ministros que teria que fazer frente a essa pandemia", afirma a jornalista (disponível no vídeo acima a partir de 2:40).

"Ele também revelou uma uma irresponsabilidade, não só com as pessoas que estavam ali na manifestação, quando ele saiu para cumprimentar mais de 200 pessoas, mas também com a própria vida dele, quer dizer, ele não tem apreço à própria vida, parece que ele está se colocando num lugar de sacrifício ao vivo no momento em que ele se coloca de frente para a doença dessa maneira", completa Trevisan.

Diogo Schelp acredita que a aposta do governo na economia e as consequências que a pandemia do novo coronavírus já está causando à pasta comandada por Paulo Guedes deixam o governo em situação delicada.

"Ele [Jair Bolsonaro] apostou tudo na economia para manter o apoio popular dele, lembrando que ele estava pressionando o Paulo Guedes porque a previsão do PIB era de queda, era menor, não uma redução, mas um valor mais baixo, e agora há previsões já de recessão, ou seja, de queda no PIB. E aí o Bolsonaro virou e falou essa semana assim: 'se a economia afundar, afunda o Brasil, se a economia afundar, acaba o governo'. Aí já colocou a coisa nesses termos, fica complicado, afirma Schelp (disponível no vídeo a partir de 01:27).

Diogo Schelp afirma que a situação poderia ser pior para o presidente se as pessoas que protestaram contra seu governo com o panelaço não estivessem impedidas pela pandemia do coronavírus de irem às ruas.

"A sorte do Bolsonaro é que as pessoas que estavam batendo panela não podem ir às ruas, ao contrário daquelas que negam que existe uma pandemia e resolveram ir às ruas para apoiá-lo, porque se essa gente toda fosse às ruas como iam nos tempos da Dilma Rousseff, ele realmente estava perdido", declara o jornalista (disponível a partir de 2:17).

Este episódio do Baixo Clero aborda também a postura do ministro Luiz Henrique Mandetta, com uma mudança de tom depois de queixas do presidente, além das rebeliões ocorridas em presídios paulistas depois de medidas de restrição a visitas ocasionadas pelo coronavírus, o fechamento de fronteiras terrestres com países vizinhos e a crise diplomática causada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, com a embaixada da China no Brasil devido a comentários no Twitter.

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