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Mourão elogia ditadura militar nos 56 anos do golpe e é criticado na web

Mourão diz que opositores de Nicolás Maduro foram para "o tudo ou nada" - Planalto
Mourão diz que opositores de Nicolás Maduro foram para 'o tudo ou nada' Imagem: Planalto

Do UOL, em São Paulo

31/03/2020 08h45

O vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, fez elogios à ditadura militar que tomou o poder do Brasil em um golpe realizado em 1964 - movimento que durou até 1985, na redemocratização do país. Em um post no Twitter, ele disse que os militares "enfrentaram a desordem". A publicação causou uma enxurrada de críticas e fez da hashtag "ditadura nunca mais" a primeira dos trending topics da mesma rede social.

"Há 56 anos, as FA [Forças Armadas] intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil. #31deMarçopertenceàHistória", postou ele, com imagens de Castello Branco.

Nas respostas ao seu tuíte, o momento lembrado por Mourão foi chamado de "golpe de estado corrupto e assassino", "período tenebroso" e "golpe sanguinário". ""Eleição do Castello Branco"? Ele não foi eleito pela população general", destacou um usuário do Twitter.

Políticos como Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB) também se manifestaram contrariamente ao vice-presidente.

Veja as reações no Twitter:

434 mortos, genocídio indígena e milhares de torturados

A fala de Mourão sobre a ditadura militar diverge dos dados oficiais disponíveis sobre o regime. De acordo com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão vinculado ao Ministério Público Federal, 434 pessoas foram assassinadas ou desapareceram compulsoriamente.

O regime também foi responsável por um genocídio dos povos indígenas do país: mais de 8 mil foram assassinados pelos militares. O MPF informa ainda que entre 30 e 50 mil pessoas foram presas ilegalmente e torturadas durante a ditadura.

A PFDC esclarece ainda que as políticas de execução sumária, tortura, desaparecimento forçado e genocídio dos povos indígenas não foram pontuais ou desenvolvidas paralelamente, e sim políticas institucionalizadas pelo Estado.

"Não foram excessos ou abusos cometidos por alguns insubordinados, mas sim uma política de governo, decidida nos mais altos escalões militares, inclusive com a participação dos presidentes da República", diz uma nota do MPF sobre o golpe militar.