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Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, diz Bolsonaro

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

20/03/2020 17h52

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje que "depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar". A resposta do presidente aconteceu após ele ser questionado por jornalistas se faria um novo exame para detectar coronavírus.

"Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não. Tá OK? Se o médico ou o Ministério da Saúde recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente", declarou Bolsonaro, em referência aos sintomas do novo coronavírus, que provocou uma pandemia e milhares de mortos.

Bolsonaro já fez dois exames para detectar o novo coronavírus, e segundo ele, ambos foram negativos. Ao menos 20 pessoas próximas ao presidente, que estiveram com ele em missão oficial nos Estados Unidos foram infectadas pelo vírus.

Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados hoje, há 904 casos confirmados da doença e 11 mortes em decorrência do coronavírus.

"Eu sou uma pessoa especial pela função que ocupo, obviamente. Mas fiz dois exames, minha família fez também. E deram negativo. Se o médico da presidência ou o ministro da Saúde achar que eu devo fazer, sem problema nenhum. Várias pessoas ao meu lado tiveram positivo", declarou Bolsonaro.

Bolsonaro foi questionado se publicará seu exame para dar transparência a essa informação. O presidente não respondeu. Mandetta disse que o exame é particular de cada paciente e que é uma opção individual divulgá-lo ou não.

Informações obtidas pelo UOL revelaram que um relatório médico assinado por médicos da Presidência, atestam que Bolsonaro está sendo monitorado desde o dia 11 de março e não teria risco de disseminar a doença.

Bolsonaro tem 64 anos e faz parte do grupo de risco da doença, cuja maior letalidade é entre os idosos.

Estado de sítio

O presidente Jair Bolsonaro negou que esteja em estudo o pedido de estado de sítio para o Congresso, órgão responsável por decretar a excepcionalidade.

"Acho que estaríamos avançando, dando uma sinalização de pânico para a população. Nós queremos sinalizar a verdade para a população. Acho que isso [estado de sítio], por enquanto está descartado até estudar essa circunstância", disse Bolsonaro.

Nesta sexta-feira (20), o Congresso decretou estado de calamidade pública, o qual dá mais flexibilidade orçamentária ao governo. O pedido foi feito por Bolsonaro e vale até 31 de dezembro. O decreto permite ao governo descumprir a meta fiscal, que hoje prevê déficit de R$ 124,1 bilhões.

Sob estado de sítio, o governo pode obrigar as pessoas a permanecerem em localidade determinada; detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, entre outros.

"Ainda não está no nosso radar isso, não. Até porque isso, para decretar, é relativamente fácil de fazer uma medida legislativa para o Congresso. Mas seria o extremo isso aí, e acredito que não seja necessário. Bem como estado de defesa. Isso aí você não tem dificuldade de implementar. Em poucas horas você decide uma situação como essa", afirmou.

Atrito com China

Apesar da troca de notas públicas entre a Embaixada da China no Brasil e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Bolsonaro negou que haja crise entre os dois países.

"O governo brasileiro não tem qualquer problema com o governo chinês. Muito pelo contrário, somos países que comercialmente temos mútuos interesses", afirmou Bolsonaro sobre o país que é o maior parceiro comercial do Brasil.

O filho do presidente fez acusações — sem mostrar provas — de que o país asiático é responsável pela pandemia mundial do novo coronavírus.

"Quanto ao Xi Jinping, tenho canal aberto com ele, gozo de simpatia por parte dele. Não existe qualquer crise do governo brasileira para com o governo chinês. Se a situação se fizer necessária, como talvez na semana que vem. Nós possamos sim entrar em contato com ele para tratar do assunto de como poderíamos ajudar, talvez com equipamentos, já que lá a curva está na descendente, pelo que tudo indica já está controlado o coronavírus", disse Bolsonaro.

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