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Direita elogia Congresso e ministros, mas cobra mais liderança de Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

09/04/2020 13h20Atualizada em 09/04/2020 17h10

Resumo da notícia

  • Políticos da direita brasileira estão satisfeitos com o trabalho do Congresso e dos ministros em resposta à crise provocada pelo novo coronavírus
  • Para eles, no entanto, falta liderança e espírito de união para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

Os senadores Major Olímpio (PSL-SP) e Álvaro Dias (Podemos-PR), a deputada federal Joyce Hasselmann (PSL-SP) e o ex-presidente do Novo, João Amoedo, se dizem satisfeitos com a atuação do Congresso e dos ministros do governo federal na crise provocada pelo novo coronavírus, mas cobram mais liderança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas ações de resposta à pandemia.

Os quatro políticos de direita participaram do UOL Debate desta quinta-feira (9), mediado por Thaís Oyama, colunista do UOL (assista à integra da conversa abaixo).

Joyce Hasselmann disse que o Parlamento está "carregando o Brasil nas costas" por, na avaliação dela, ser responsável por trazer as únicas medidas práticas adotadas no país no combate ao novo coronavírus.

"As medidas práticas que têm sido tomadas [no país] se devem ao Congresso. Tudo que estamos vendo se tornando palpável ou que se tornará palpável vem do Congresso", afirmou a deputada. Como exemplos dessas medidas, Joice citou o auxílio emergencial aos trabalhadores informais e a aprovação de linhas de crédito para micro e pequenas empresas.

Segundo ela, os parlamentares estão fazendo, hoje, algo que antes "nunca se fez" —"trabalhar sem enrolar".

Congresso mais ágil

"Sem aquela enrolação, aquela coisa que você pega um texto e fica dois ou três dias aquele falatório insuportável que ninguém aguenta", disse Joice. "É impressionante, porque os líderes estão trabalhando de forma concisa e por unanimidade, sem aquele blá, blá, blá".

"Eu acho que é a primeira vez que eu tenho um orgulho profundo e inteiro de estar no Parlamento", disse a deputada. "É a primeira vez que eu vejo, inclusive -eu sou de um partido de direita e a oposição concordando e votando junto. Está sendo um exercício muito bonito de democracia".

Major Olímpio concordou com a colega de partido. "Só o Senado até ontem votou 16 projetos", disse. "Hoje não tem essa luta besta, não tem situação e oposição."

O senador Alvaro Dias, que também participou da discussão, afirmou que os parlamentares precisam legislar em relação ao sistema financeiro para estabelecer normas de orientação para o enfrentamento desta pandemia.

"Ao Executivo cabe maior eficiência. Falta vacina para gripe, faltam máscaras cirúrgicas para os servidores da saúde, falta luvas, falta respiradores e, principalmente, material para testes", declarou Dias.

Cobrança a Bolsonaro

Hasselmann e Olímpio, que integram o ex-partido do presidente, cobraram liderança do presidente.

Olímpio ainda é visto como aliado fiel de Bolsonaro, mas tem subido o tom das críticas a ações do presidente, principalmente em meio à pandemia. Joice Hasselman rompeu politicamente com Bolsonaro e seus aliados mais próximos.

O presidente tem dois problemas de personalidade que eu identifiquei no meio desse processo. Quanto mais alguém que está do lado dele ajudando, faz bem feito e brilha, mais ele se sente diminuído
Joice Hasselman, deputada federal do PSL e ex-líder do govero na Câmara

Na opinião dela, isso não faz sentido por que foi Bolsonaro que escolheu e deveria liderar a equipe, e assim teria méritos no sucesso de todos.

"As coisas acabam não acontecendo", afirma Olímpio. "O presidente como a Joice disse tem ao redor dele, gente gritando Selva, muita continência, muita frase feita, hino, mas a catraca é presa. Acaba tendo pouca agilidade o governo. Isso atrapalha."

"O presidente precisa acreditar no taco das escolhas felizes que ele fez. (...) O Mandetta é o cara mais fiel que ele tem. (...) Aí ficam as aves de mau agouro, do gabinete do ódio, como disse a Joice, ao redor dele 'tá vendo? O cara quer te derrubar', 'o mato-grossense quer ser presidente da República'. O Mandetta não quer nada, o Mandetta quer ajudar a salvar vidas no Brasil neste momento."

Amoêdo critica salário de servidores

Na avaliação do empresário João Amoêdo (Novo), o Congresso tem feito um bom trabalho, mas é preciso falar também de redução no salário dos servidores federais e dos parlamentares.

"A gente está vendo na iniciativa privada as pessoas perdendo o emprego aos montes. Estão aceitando reduções salariais expressivas e a gente não pode esquecer que no nível federal, hoje, nós temos 22% dos funcionários ganham mais de 15 mil, com estabilidade", afirmou. Segundo ele, a remuneração de servidores federais é 96% superior ao de um funcionário que desempenha a mesma função na iniciativa privada.

Joice respondeu dizendo que "falar de cortar salários é fácil". "Eu propus um projeto de corte de 50% de todos aqueles que tem salários muito altos e também do servidor público. Mas não aquele tiozinho que está ganhando R$ 2 mil, R$ 3 mil para limpar o chão da Câmara, para servir o cafezinho, porque isso seria uma sacanagem com quem está ali trabalhando há muito tempo", disse.