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OPINIÃO

Schelp: Marcos Pontes faz marketing ao anunciar remédio contra covid-19

Do UOL, em São Paulo

17/04/2020 04h00

O ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, anunciou um teste feito com um remédio secreto que no teste in vitro teve eficácia de 94% no tratamento do novo coronavírus e que o processo passa por testes clínicos para aprovação no uso para o combate da doença.

No podcast Baixo Clero #32, o jornalista Diogo Schelp explica qual é o medicamento secreto apontado por Pontes e vê a tentativa do ministro como marketing.

"O que o ministro Marcos Pontes fez tem um nome, é marketing. Porque o ministro está falando de um remédio que sequer teve ensaio clínico ainda. Foi feito teste in vitro desse remédio e ele teve eficácia em matar o vírus, só que no corpo humano é outra história. Por tudo o que o ministro falou. Ele fez um anúncio, disse que era secreto, que era uma informação que ele não iria dar e aí eles esperam que ninguém pergunte e ninguém tente ir atrás para descobrir qual é. E, além de tudo, ainda dá um monte de dicas que apontam para um remédio específico, como se a comunidade médica inteira, que é enorme no Brasil, não fosse descobrir que remédio é", afirma Schelp (disponível no vídeo acima a partir de 28:48).

O medicamento em questão, de acordo com o colunista do UOL, é a nitazoxanida, conhecido comercialmente como Annita.

"É um antiparasitário conhecido pelo nome comercial de Annita. Então o segredo de Pontes é um segredo de Annita. Na própria quinta-feira, o dia que o Pontes falou do remédio secreto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incluiu o remédio na lista de remédios controlados. Esse era um remédio facílimo de comprar", conta Schelp.

"É mais um remédio que entra para a lista de esperanças do governo. Já tinha a cloroquina e a hidroxicloroquina, todos eles ainda sem comprovação de eficácia para a covid-19, então tem que tomar muito cuidado, porque não adianta sair comprando esses remédios e tomando esses remédios, ou tentando de automedicar com esses remédios, porque não tem nenhuma prova de que eles funcionam, são todas tentativas, estão queimando etapas para tentar descobrir um remédio, mas é preciso esperar", completa o jornalista.

Maria Carolina Trevisan vê a fala de Marcos Pontes sobre o medicamento e também em tema sobre ensino a distância como sinal de fragilidade de dois ministérios, o da Saúde, que teve a saída de Luiz Henrique Mandetta, e o da Educação, pasta ocupada por Abraham Weibtraub.

"Ele fala de dois temas que, na verdade, não necessariamente são relacionadas à pasta dele. Deve ser difícil ser ministro da ciência num governo que tem um presidente que nega a ciência, então ele fala de um medicamento, uma pesquisa que deveria ser divulgada pelo Ministério da Saúde e a outra coisa que ele fala é sobre ensino à distância e tecnologia de ensino à distância que eu também achei muito estranho, que deveria ser falado pelo ministro da Educação", opina Trevisan.

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