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Decepção com Moro, "mentiroso" e mais: o discurso de Bolsonaro em 10 frases

Emanuel Colombari e Mariana Gonzalez

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 21h22Atualizada em 24/04/2020 22h00

A sexta-feira foi marcada pela demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, acusações contra Jair Bolsonaro e, no final da tarde, pelo discurso de quase uma hora do presidente, que contra-atacou, criticando a postura do ex-juiz, que passou 16 meses no cargo.

Moro alegou que a demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, publicada ontem, ocorreu para que Bolsonaro tivesse acesso a informações do órgão e interferisse nas investigações. O presidente respondeu, dizendo que o magistrado condicionou a demissão de Valeixo à indicação para o Supremo Tribunal Federal em novembro próximo.

Bolsonaro deixou clara sua decepção com Moro e negou acusações, mas também lembrou o primeiro encontro com o então juiz, a facada que levou durante a campanha eleitoral, em 2018, e as investigações do assassinato de Marielle Franco.

Relembre o pronunciamento do presidente em dez frases:

Decepção com Moro

Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com parlamentares, eu lhes disse: hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem um compromisso consigo próprio, com seu ego, e não com o Brasil

Bolsonaro 'ignorado' e triste

Todos nós conhecemos Sergio Moro de suas decisões na Vara Federal de Curitiba. A Lava Jato já existia, mas ninguém nega seu brilhante trabalho. Eu tive o primeiro contato com ele em 2017, no aeroporto de Brasília, e fui cumprimentá-lo. Ele praticamente me ignorou. A imprensa toda noticiou, dando descrédito a mim. Não vou dizer que chorei porque é uma mentira, mas confesso que fiquei triste, porque ele era um ídolo para mim.

Luta contra o 'establishment'

Poderosos se levantaram contra mim. É uma verdade. Eu estou lutando contra um sistema, contra o establishment. Coisas que aconteciam no Brasil, praticamente não acontecem mais. E me desculpem a modéstia: em grande parte, pela minha coragem de indicar um time de ministros comprometido com o futuro do Brasil.

Comparação com Marielle

Será que é interferir na Polícia Federal, quase implorar a Sergio Moro, [investigar] quem mandou matar Jair Bolsonaro? [Se referindo à facada durante a campanha de 2018]. A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber.

Me desculpe senhor ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar. O autor foi preso em flagrante, mais pessoas testemunharam, telefones foram apreendidos.

Coração aberto a ministros

Eu sempre abri o coração para ele [Moro], mas eu duvido se ele sempre abriu o coração para mim. Eu sempre disse aos meus ministros: a confiança tem que ter dupla mão. O ministro quer que eu confie nele, quer e tem razão, mas eu também quero que o ministro confie em mim.

Indicação para diretor-geral da PF

Sergio Moro falou: 'O nome [do diretor-geral da PF] tem que ser meu'. E eu falei: 'Vamos conversar. Por que tem que ser o seu e nao o meu? Ou então vamos pegar os que têm condições e fazer um sorteio' e eu lembrei da lei de 2014, que [diz que] a prerrogativa minha. O dia que eu tiver que submeter a qualquer subordinado, eu deixo de ser presidente.

Indicação ao Supremo Tribunal Federal

Mais de uma vez, o sr. Sergio Moro falou para mim: 'Você pode trocar o Valeixo [Maurício Valeixo, diretor-geral da PF demitido ontem], mas em novembro, depois que me indicar para o Supremo Tribunal Federal'. Me desculpe, mas não é por aí. Chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. É desmoralizante para o presidente ouvir isso, mais ainda externar.

Anúncio da demissão

Ontem mais uma vez conversei com o ministro Sergio Moro substituição na Policia Federal. Esperava em conjunto com ele definir um nome para dirigir a PF, ainda que, pela lei, esta seja uma prerrogativa exclusiva do presidente. Estou decepcionado e surpreso com o seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão.

Acusações de interferência na PF

Eu e o dr. Valeixo conversamos por telefone e ele concordou com a exoneração. Desculpe, sr. ministro [Sergio Moro], o sr. não vai me chamar de mentiroso. Não existe acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão, presidente da República, ser acusado disso.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.