Dilma: na 'entrevista-delação' de Moro, faltou pedir desculpas sobre Lula
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que na declaração feita pelo ministro da Justiça e da Segurança Pública Sergio Moro, em que anunciou a demissão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), faltou pedir desculpas ao povo brasileiro "pelas mentiras que contou sobre Lula".
"Se o sr. Moro tivesse 10% da sinceridade que tentou transmitir na entrevista-delação contra Bolsonaro, seu ex-chefe, teria aproveitado e pedido desculpas ao povo brasileiro por todas as mentiras que contou sobre Lula", escreveu a petista.
Hoje mais cedo, Moro deixou o cargo e denunciou Bolsonaro. O ex-juiz declarou que o mandatário trocou o comando da Polícia Federal (PF), de Maurício Valeixo, para ter acesso a investigações e relatórios da entidade, o que é proibido pela legislação. O anúncio foi feito no final da manhã na sede da pasta, em Brasília.
Ao anunciar sua saída do cargo de ministro da Justiça, Moro reconheceu a autonomia que a PF teve em governos anteriores. Os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —2003 a 2010— e Dilma Rousseff (PT) —2011 a 2016— foram os principais alvos da Operação Lava Jato, cujos processos eram comandados por Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba.
Valeixo, diretor-geral da PF que foi exonerado hoje por decisão de Bolsonaro à revelia de Moro, esteve à frente da instituição no Paraná durante a Lava Jato. "Foi garantida a autonomia da Polícia Federal durante esses trabalhos de investigação. É certo que o governo na época tinha inúmeros defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupção", afirmou.
"Mas foi fundamental a manutenção da autonomia da PF para que fosse possível realizar esse trabalho. Seja de bom grado ou seja pela pressão da sociedade, essa autonomia foi mantida", completou.
Ele destacou também a importância da Lava Jato durante o período. "Antes de assumir o cargo, fui juiz federal por 22 anos, tive diversos casos criminais relevantes e, desde 2014, tivemos a operação Lava Jato que mudou o patamar de combate à corrupção no país. Lógico que tem muito a ser feito, mas o cenário foi modificado", destacou.
Em julho de 2018, Valeixo foi responsável por ter barrado a soltura de Lula, que estava preso à época, determinada durante um plantão do judiciário. O episódio foi relembrado por Moro em seu discurso hoje. "Foi graças à autonomia dele", disse o ex-ministro, "que foi possível rever essa ordem de soltura ilegal antes que ela fosse executada".
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