Diretores da Abin e do Depen e secretário do DF são cotados para a PF
O diretor da Agência Brasileira de Inteligência, o secretário de Segurança do Distrito Federal e o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) estão entre os três delegados cotados para substituir o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, que foi exonerado do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Segundo policiais ouvidos pelo UOL, o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, seria a melhor solução para o cargo porque impediria o ministro da Justiça, Sergio Moro, de pedir demissão. Uma fonte do Ministério da Justiça que conhece o ministro desde a época da Lava Jato chegou a afirmar hoje que ele fica no cargo, mas que não seria possível saber se Ramagem vai suceder Valeixo.
O secretário de Segurança do DF, Anderson Gustavo Torres, tem a preferência de Bolsonaro e do Centrão, grupo de parlamentares de direita e centro-direita do Congresso. O presidente e Torres se conhecem do Congresso. Já o diretor do Depen, Fabiano Bordignon, é o preferido de Moro. Hoje cedo, Bordignon avisou a equipe do pronunciamento do ministro às 11h, mas não está fazendo propaganda da possível nomeação, indicam auxiliares.
Militares estão em articulação para convencer o ministro e o presidente que Ramagem seria a "solução do meio" entre os desejos de Bolsonaro e do Centrão e as intenções do ministro da Justiça. Muitos militares trabalharam para Moro ficar. Ou, pelo menos, para que ele espere um pouco mais antes de tomar uma decisão.
Ramagem pode ser considerado da cota do presidente porque tem a proximidade que conquistou por ter sido segurança dele nas eleições de 2018.
De um lado, Ramagem também pode ser considerado um nome técnico e respeitado na PF a ponto de agradar Moro. Um colega dele destaca seu trabalho no Ceará e no Rio de Janeiro. Em terras fluminenses, Ramagem fez investigações sobre milícias formadas por policiais e ex-policiais ligados a bicheiros, políticos e empresários.
Por outro lado, o presidente Bolsonaro já defendeu um desses milicianos investigados, chamando-o de "herói", o falecido capitão Adriano.
De todo modo, a simples troca de Valeixo desagrada a corporação. Os policiais dizem que não têm autonomia para trabalhar e que Bolsonaro interfere no dia a dia da polícia. Dois deles lembraram que, nos governo dos PT, em que a Polícia Federal aumentou seu trabalho de combate à corrupção, inclusive contra o próprio partido, não havia interferências da maneiras como ocorre na gestão de Bolsonaro.
O presidente pegou carona no combate à corrupção e utilizou isso como mote de campanha eleitoral. "A gente não tem independência", reclamaram dois hoje. Ontem, a Associação dos Delegados da PF reiterou em nota a necessidade de haver mandato para o diretor-geral.
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