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OPINIÃO

Schelp: Se sair, Moro pode recuperar brilho e popularidade que tinha antes

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 04h00

A decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, ocupada pelo delegado Maurício Leite Valeixo, criou uma crise com Sergio Moro, ministro da Justiça, com a possibilidade de uma saída do governo.

No podcast Baixo Clero #33, Diogo Schelp analisa diferentes cenários para a possibilidade de saída de Moro do governo, com a possibilidade de ganho político para o ministro visando as eleições presidenciais de 2022, além do enfraquecimento de Bolsonaro na presidência.

Schelp cita outros momentos em que Moro teve a possibilidade de sair do Ministério da Justiça devido ao descontentamento de Bolsonaro com ações da Polícia Federal, além da popularidade do ministro visto como potencial candidato a concorrer pela presidência em 2022.

"Sérgio Moro é mais popular do que o Bolsonaro e o Bolsonaro, por causa disso, sempre viu o Moro como um possível adversário para 2022. Então ele sempre ficou acenando com a cenoura do STF, uma vaga no STF para o Sérgio Moro porque em novembro desse ano o ministro Celso de Mello se aposenta e abre uma vaga", afirma o jornalista (disponível no arquivo acima a partir de 2:20).

"As opções que o Moro tem caso ele realmente saia do governo são as seguintes: digamos que o Bolsonaro prometa a ele a vaga no STF para sair amigavelmente desde que não saia atirando, o Moro pode acreditar na promessa e esperar até novembro para ver se se cumpre. E se não se cumpre, ele vai para o plano B, que seria 2022. Lembrando que o Moro falou várias vezes que ele se sente mais confortável, não sei até que ponto isso é só da boca para fora, mas se sentiria mais confortável com a opção do STF", aponta Schelp.

O jornalista aponta também para uma queda de popularidade de Moro desde que iniciou seu trabalho no governo Bolsonaro e acredita que ele poderia recuperar em caso de um afastamento mais drástico em relação ao presidente.

"Se ele sai numa situação desconfortável, brigando, tensa com o Bolsonaro, ele pode sair com liberdade para dizer o que quer e recuperando talvez o brilho e popularidade que ele tinha antes, já que nos últimos meses tudo o que ele fez foi engolir sapo. Ele passa a ter um crescimento na estatura, digamos assim, política para poder pensar em algo maior para 2022", analisa Schelp.

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