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Joice aponta possível saída de Moro a caso entre Flávio Bolsonaro e Queiroz

Do UOL, em São Paulo

23/04/2020 15h34

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) escreveu hoje que uma suposta troca no comando da PF (Polícia Federal), que teria sido alvo de resistência do ministro da Justiça, Sergio Moro, veio no momento em que se aprofundam investigações a respeito do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Junte as pontas. Jair Bolsonaro manda demitir Valeixo (Maurício Valeixo, diretor geral da PF), escolhido por Moro depois que: 1- A PF chegou ao centro e aos financiadores das milícias digitais; 2- Bolsonaro negociou o governo com Bob Jefferson e Valdemar; 3 - a corda aperta o pescoço do filho Flávio no caso Queiroz", escreveu ela no Twitter nesta tarde.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ministro pediu demissão a Bolsonaro nesta tarde ao ser informado pelo presidente da decisão de trocar a diretoria-geral da PF, ocupada por Valeixo, homem de confiança de Moro. Ao UOL, o Ministério da Justiça negou que o titular da pasta tenha pedido para sair. No entanto, interlocutores disseram que houve, sim, um pedido de demissão por parte do ex-juiz.

Bolsonaro já havia ventilado a possibilidade de tirar Valeixo do cargo anteriormente. A deputada disse que o presidente voltou a cogitar a demissão após a PF ter descoberto "como funciona a milícia digital da gangue do poder e quem patrocina" e que o intuito do governo seria "escantear Valeixo para segurar o escândalo."

A deputada é autora de uma das biografias de Moro e uma das defensoras da atuação do ministro enquanto juiz da Lava Jato em Curitiba. Em outras postagens, também publicadas nesta tarde, ela defende que o ex-juiz se candidate à presidência da República na eleição de 2022.

Ciro também cita investigações

A tese apontada por Hasselmann também é defendida por Ciro Gomes, que, ao contrário da parlamentar, fez duras críticas ao ministro da Justiça. Opositor do atual governo, Ciro mencionou a CPI das Fake News e investigações acerca do disparo de mensagens por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp.

"Sergio Moro nunca prestou, vamos ver agora o nível de sua cumplicidade com o aparelhamento do estado brasileiro", escreveu no Twitter.

Ex-Lava Jato defende saída de Moro

Ex-procurador e antigo membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Carlos Fernando dos Santos Lima defendeu que Moro deixe o cargo por considerar que Bolsonaro "não é correto".

"Moro deve sair. Bolsonaro não é correto, não tem palavra, deixou o ministro sem qualquer apoio no Congresso tanto nas medidas contra a corrupção quanto durante o episódio criminoso da Intercept, e nunca foi um real apoiador do combate à corrupção", escreveu no Facebook.

Aliados pedem permanência

Deputadas aliadas de Bolsonaro, Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) também se manifestaram na rede social a respeito da uma possível saída de Moro do governo. As duas pediram que o ministro se mantenha no cargo e, no caso de Kicis, a deputada federal disse: "A informação que tenho é de que isso não ocorreu."

Zambelli, a princípio, tinha escrito "Fica, Moro". No entanto, a parlamentar apagou a mensagem e divulgou outra afirmando se tratar de uma peça pregada pela mídia.

Oposição reage

Líder da Minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE) atacou Moro e declarou que o ministro e Bolsonaro são "farinha do mesmo saco".

Já o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) pediu explicações de Moro: "Por que você não nos conta por que seu patrão quer tanto intervir na PF, Moro? Junte o brio que lhe resta e nos diga: é por causa do Flávio, do Queiroz, das milícias, do gabinete do ódio ou tudo isso junto. Fala, Moro!".

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado na primeira versão do texto, José Guimarães é líder da Minoria na Câmara, e não líder da Oposição. O erro foi corrigido.