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Temer sobre pronunciamento de Bolsonaro: 'alguém mentiu'

O ex-presidente Michel Temer (MDB) apontou diferenças no discurso de Bolsonaro e Moro - Reprodução
O ex-presidente Michel Temer (MDB) apontou diferenças no discurso de Bolsonaro e Moro Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 18h54Atualizada em 24/04/2020 19h33

Em entrevista ao programa Brasil Urgente, Michel Temer (MDB) deu sua opinião sobre o pronunciamento feito por Jair Bolsonaro (sem partido) nesta tarde. "Alguém mentiu. Se não foi o presidente, foi o ex-ministro Moro", afirmou o ex-presidente.

Temer destacou dois pontos em que a versão de Bolsonaro e a versão de Moro entram em conflito: primeiro, a alegação de Bolsonaro de que Moro teria exigido ser nomeado ministro do STF antes da saída de Maurício Valeixo da direção da Polícia Federal (PF). "Essa seguramente pode ser uma coisa falsa, embora o presidente Bolsonaro tenha falado isso muito enfaticamente", comentou o ex-presidente.

A segunda diferença entre os discursos de Moro e de Bolsonaro, de acordo com o ex-presidente, é o motivo pelo qual o presidente da República quis mudar o diretor da PF. Moro afirma que a intenção de Bolsonaro era ter acesso a informações e relatórios confidenciais de inteligência.

"O que diz o Bolsonaro? Que queria que o setor de inteligência da PF o informasse evidentemente sobre episódios ocorrendo no país, para que tivesse, digamos assim, informações que garantissem boa governança. Esse é outro ponto em que o ex-ministro diz uma coisa e Bolsonaro diz outra coisa. Em tese, são duas supostas mentiras, ou de um lado ou de outro lado."

Na entrevista, Temer também voltou a lamentar o fato de a demissão de Moro ter acontecido em meio à pandemia do novo coronavírus. Ele defendeu que a investigação das acusações sobre Bolsonaro aconteça através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e não um pedido de impeachment:

"A CPI é para a apuração de um fato determinado, porque pode ser verdadeiro ou falso aquilo que presidente e ex-ministro disseram. Eu creio que a solução jurídico-legislativa seria precisamente esta. Ao mesmo tempo, volto a dizer, é uma pena que isso tenha acontecido, porque não é bom para o país."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.