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Major Olímpio expõe desavenças com Doria e Bolsonaro: 'Vai ter corrupção'

Major Olimpio criticou os acordos do presidente Jair Bolsonaro com o centrão - 18.jan.2019 - Simon Plestenjak/UOL
Major Olimpio criticou os acordos do presidente Jair Bolsonaro com o centrão Imagem: 18.jan.2019 - Simon Plestenjak/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/05/2020 15h48

O senador Major Olímpio (PSL-SP) escancarou suas desavenças com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em entrevista hoje ao Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan.

Líder do PSL no Senado, Olímpio deu detalhes sobre os pedidos de impeachment que protocolou contra Doria. Para ele, além dos possíveis crimes de responsabilidade e de desvio de finalidade (motivações usadas para os pedidos de afastamento), o tucano estaria envolvido em esquemas ilícitos na compra de respiradores para o combate ao coronavírus.

"O Doria comprou 3.000 respiradores através de uma empresa do Rio de Janeiro com um fabricante chinês. E gastou a bagatela R$ 183 mil a unidade. São quase R$ 550 milhões, sendo que temos respiradores nacionais que o Ministério da Saúde pagou R$ 22.300 [...] Essa compra feita pelo Doria é um tapa na cara de quem paga imposto. Isso aí é a denominação de maracutaia", disse.

O senador também explicitou seu descontentamento com o governador paulista por, supostamente, usar o combate à covid-19 para antecipar a campanha eleitoral de 2022. E opinou que Doria não terá chances de vencer uma possível corrida presidencial nas próximas eleições.

"O Doria tem ganância do poder pelo poder. A palavra que ele coloca sentado não se sustenta em pé [...] É uma hipocrisia ele dizer que isolou todo o estado de São Paulo, sendo que temos mais de 300 cidades que não possuem registros de contágio. E isso só acontece por causa de uma briga do Bolsonaro com o Dória. É o Dória que já antecipou a campanha de 2022 e ele acha que vai disputar a presidência com o Bolsonaro. E ele vai ter menos de 4% que o Alckmin teve [referência à porcentagem de votos válidos obtidos por Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência, nas eleições de 2018]."

Racha com Bolsonaro

As críticas de Major Olímpio também foram direcionadas a Jair Bolsonaro. O parlamentar rebateu críticas daqueles que o apontam como traidor do presidente e disse que quem desviou-se do caminho foi o próprio Bolsonaro: "Nunca mudei de posição. Sou agradecido ao Bolsonaro, ele me ajudou a me eleger. Mas, em algumas circunstâncias, quem está mudando de direção é ele, eu continuo o mesmo. Não tenho bandido de estimação. Pessoalmente houve um afastamento entre nós porque ele quebrou o pau comigo quando ele não queria que eu assinasse meu nome na CPI dos Lava Togas."

"Quem sancionou o juiz de garantias foi ele e eu pedi pelo amor de Deus para não fazer isso. Quem deu suporte para não ter prisão em segunda instância foi ele. Quem sancionou R$ 2 bilhões do fundão partidário foi ele, e eu pedi pelo amor de Deus para não fazer isso. Então, é trairagem minha pedir para ele não sair do discurso que o elegeu?", questionou.

Para o senador, o presidente erra gravemente ao distribuir cargos federais para servidores ligados ao chamado "centrão". Isso porque muitos envolvidos nessas negociações estão ligados a ações criminosas, o que vai gerar corrupção dentro do governo: "Com essa negociação de toma-lá-dá-cá com os partidos para poder ter base, ele está se juntando com condenados do Mensalão e do Petrolão [...] Vou defender o Bolsonaro na grande maioria das coisas que ele está fazendo pelo Brasil. Acredito que até agora não tem corrupção nos ministérios, não tem sacanagem com isso. Agora, está abrindo a porteira para fazer acordo e vem um caminhão de cargo. Vai ter corrupção", completou.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.