Maia: Não se pode estimular fim de quarentena quando só elite fica isolada
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje que não se pode estimular o fim da quarentena quando só a elite do país fica isolada. Ele também afirmou que o Brasil está longe de ter todas as informações para que se comece a pensar no fim do isolamento social.
"Temos aí o setor privado pressionando muito as empresas pela abertura. Devemos ter capacidade de fazer debate como esses, mas sempre respeitando o mais importante da nossa sociedade que é o respeito e a defesa das nossas vidas. A vida dos brasileiros", disse.
"Não é possível que a gente estimule o fim do isolamento quando apenas a elite brasileira poderá ficar isolada. Enquanto [isso], os brasileiros mais simples vão para os ônibus, seus trabalhos, em aglomerações e, como a Márcia [Castro, estatística] falou, em comunidades sem nenhuma capacidade de isolamento", acrescentou.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quer pressionar os governadores pelo fim do isolamento social. Mais cedo, Bolsonaro disse em videoconferência com empresários ser uma "guerra" e ser preciso "jogar pesado" com os estados.
"Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, decidindo o futuro da economia do Brasil", falou, ao se referir ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). "Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado. Jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra."
A recomendação para que todos fiquem em casa o máximo possível partiu da OMS (Organização Mundial da Saúde) com o objetivo de minimizar a transmissão do coronavírus.
Segundo o Ministério da Saúde, até ontem o Brasil somava 13.149 mortes relacionadas ao coronavírus e 188,9 mil casos confirmados.
Na avaliação de Maia, "infelizmente, estamos longe de termos todas as informações importantes para que possamos pensar numa segunda fase, a fase do fim do isolamento".
A Câmara promoveu hoje um debate para discutir procedimentos para o retorno de atividades econômicas e sociais ao fim do isolamento social. O evento foi mediado pelo economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e contou com a presença da presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, da estatística Márcia Castro e do médico Paulo Chapchap.
O presidente da Câmara falou ainda que, segundo os dados apresentados, o coronavírus vai atingir pessoas em todos os municípios, com gravidade maior em cidades pequenas sem UTIs (Unidade de Terapia Intensiva), e persiste um grande déficit de testes para a detecção do vírus.
Segundo Maia, o governo federal não estabeleceu um protocolo organizado junto a estados e municípios para proteger idosos - parcela mais vulnerável quanto ao coronavírus - do restante da população.
Ele disse que, embora sempre tivesse tido uma visão a favor do mercado privado de saúde, enxerga a importância do SUS (Sistema Único de Saúde) e ressaltou ser preciso melhorar os critérios dos gastos públicos, sem criar despesas além das necessárias durante a pandemia.
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