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Paulo Marinho depõe por 5 h sobre vazamento de operação para F. Bolsonaro

Retrato de Paulo Marinho, que esteve diretamente envolvido na campanha presidencial que elegeu Jair Bolsonaro - Ricardo Borges/UOL
Retrato de Paulo Marinho, que esteve diretamente envolvido na campanha presidencial que elegeu Jair Bolsonaro Imagem: Ricardo Borges/UOL

Igor Mello

Do UOL, no Rio

20/05/2020 19h31

O empresário Paulo Marinho depôs durante mais de 5 horas na sede da Superintendência da PF (Polícia Federal) no Rio de Janeiro sobre as denúncias, feitas por ele em entrevista à Folha de S. Paulo, de que um delegado da PF teria vazado para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) a existência de uma investigação contra o ex-assessor Fabrício Queiroz.

Marinho foi ouvido por homens da PF e pelo procurador da República Eduardo Benones, coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do (Ministério Público Federal). Tanto a PF quanto o MPF abriram procedimentos para investigar o vazamento. O depoimento foi iniciado às 14h e ele deixou o local às 19h15.

O empresário parou para falar com os jornalistas, mas não deu nenhuma declaração sobre a oitiva. "Por determinação da autoridade policial esse inquérito corre sob sigilo. Para não prejudicar as investigações não posso dar nenhuma declaração a respeito do meu depoimento", afirmou. Ele não respondeu nenhuma pergunta feita pelos jornalistas.

Segundo o relato de Marinho, um delegado procurou Flávio em outubro de 2018, entre o primeiro e o segundo turno da eleição, para avisar de que o nome de Queiroz havia aparecido no âmbito da Operação Furna da Onça —que investigou corrupção na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), da qual Flávio fazia parte na época. Ele disse ainda que ouviu de Flávio que a operação foi adiada, tendo sido deflagrada apenas em novembro, para não prejudicar a candidatura de Jair Bolsonaro (Sem partido) à Presidência.

Ao UOL, Marinho adiantou que apresentaria comprovantes de reserva de uma sala de reunião e estadia no Hotel Emiliano, em São Paulo, no dia 14 de dezembro de 2018, onde afirma ter sido realizada a segunda reunião com os advogados de Flávio. Porém, a defesa afirma que o hotel não dispõe mais das imagens das câmeras de segurança, que comprovariam a presença dos citados no local.

Marinho disse ter providenciado assistência jurídica para Flávio e Queiroz, e relatou ter participado de reuniões com o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro e com seus representantes no Rio e em São Paulo.

Fabrício Queiroz é um dos funcionários e ex-funcionários da Alerj listados em um relatório do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), atualmente chamado de UIF (Unidade de Inteligência Financeira), por movimentações consideradas atípicas. Segundo o documento produzido em janeiro de 2018, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, tendo recebido depósitos de vários ex-assessores do gabinete de Flávio. O relatório aponta que esse tipo de movimentação, aliada ao grande volume de dinheiro vivo entrando e saindo da conta de Queiroz, eram um indício da prática de rachadinha.