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Eduardo usa homenagem para dizer que PM de SP apoia ato pró-Bolsonaro

Policiais militares prestam continência durante manifestação na Avenida Paulista - Reprodução
Policiais militares prestam continência durante manifestação na Avenida Paulista Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

24/05/2020 21h20Atualizada em 25/05/2020 10h39

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) divulgou hoje vídeo em suas redes sociais em que dá a entender que a Polícia Militar do Estado de São Paulo apoiaria ato realizado na avenida Paulista hoje em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"A Polícia Militar de São Paulo nunca decepciona, sempre dá o exemplo", escreveu Eduardo, com um vídeo da publicação. No entanto, a reportagem apurou com policiais e especialistas em segurança pública que o ato foi uma homenagem a um policial morto em serviço.

A versão foi a mesma publicada por outros aliados do presidente, como o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. No entanto, João Doria (PSDB) e a SSP (Secretaria da Segurança Pública) rebateram.

Em resposta, o governador de São Paulo divulgou mensagem no Twitter para negar que policiais militares tenham prestado continência a manifestantes que ocuparam a avenida Paulista horas antes.

"É absolutamente falsa a notícia que Policiais Militares de SP prestaram continência hoje a manifestantes. Os PMs prestaram continência e fizeram um minuto de silêncio nessa tarde, em homenagem ao soldado Lucas Leite, que morreu em serviço ontem à noite na capital", escreveu Doria.

Em nota, a SSP informou que policiais militares prestaram homenagem ao soldado morto ontem na zona leste de São Paulo, endossando a publicação de Doria.

"A Polícia Militar homenageou, na tarde deste domingo (24), o soldado Lucas Alexandre Leite, de 25 anos, que faleceu em serviço na noite de ontem, na zona leste da cidade de São Paulo", diz o texto.

"Durante o sepultamento, realizado do Mausoléu da PM, localizado no centro da Capital, policiais militares do 2º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M), a qual pertencia a vítima, o honraram com continência individual e toque de silêncio."

"Durante a tarde, em todo o Estado, os policiais do serviço operacional, que não estavam no atendimento de emergência, pararam as viaturas, acionaram as sirenes e prestaram continência ao soldado durante um minuto. A cerimônia é uma tradição há anos na Polícia Militar para homenagear os heróis da instituição", encerrou.

Segundo Rafael Alcadipani, professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Forum Brasileiro de Segurança Pública, a versão verdadeira é de que houve uma homenagem ao PM morto, não um apoio à manifestação.

"Circula vídeos de que PMs de SP estariam apoiando a manifestação Pro Bolsonaro ao ligarem as sirenes e fazer continência hoje na Paulista. Na verdade, era uma homenagem a PMs mortos ontem. É repugnante usar a morte de policiais para fazer política", disse.

Por meio de nota, a PM afirmou que "a homenagem, que é feita de maneira simultânea ao sepultamento, é tradição institucional e consiste em estacionar as viaturas disponíveis, ligar as sirenes por um minuto e prestar continência ao herói que tombou no cumprimento do dever".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.