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Operação Placebo: Defesa de Witzel se diz surpresa e suspeita de vazamento

Do UOL, em São Paulo

26/05/2020 19h13

A defesa do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), se mostrou surpresa com a deflagração da Operação Placebo, em que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, e no escritório de advocacia onde trabalha a mulher de Witzel.

Em entrevista à CNN Brasil, a advogada Maria Claudia Bucchianeri afirmou que a defesa do governador recebeu ontem a informação de que não havia procedimentos administrativos abertos contra ele.

"Foi uma grande surpresa a operação de hoje, especialmente porque a defesa do governador, há mais de 10 dias, vinha peticionando ao STJ. Pedíamos acesso aos autos respectivos. O governador, posso revelar, estava nervosíssimo, ansioso para prestar os esclarecimentos", disse a advogada. "O governador é o maior interessado em que isso seja elucidado o quanto antes. Ainda ontem, recebemos uma informação de que não existiria nenhum tipo de procedimento administrativo contra o governador sob a relatoria do ministro Benedito (Gonçalves, do STJ)."

Apesar da surpresa, Maria Claudia afirmou não acreditar que a operação tenha conseguido encontrar indícios de irregularidades envolvendo Witzel.

"Fomos surpreendidos com as medidas de hoje, que posso antecipar, não devem ter tido muito êxito em encontrar alguma coisa. Não há liame nenhum entre ele e qualquer tipo de irregularidade — se é que houve mesmo qualquer irregularidade nesses contratos de saúde, nesse momento tão difícil de ser ordenador de despesa", afirmou.

A respeito dos mandados cumpridos no escritório onde trabalha Helena Witzel, mulher do governador, a advogada também demonstrou ceticismo a respeito de possíveis indícios de crimes.

"Esse aparecimento da primeira-dama do Rio de Janeiro foi uma surpresa. A primeira-dama é advogada, mas tem uma advocacia muito correta, limitadíssima pela condição do marido. Ela exige dos clientes atestados e declarações de que não são fornecedores do estado, o que limita enormemente os clientes. Não há sigilo nenhum nos contratos que a primeira-dama celebrou."

'Conjunto de circunstâncias precisa ser levado em consideração'

Questionada a respeito de possível interferência política da família Bolsonaro na ação da Polícia Federal contra o governador, a advogada evitou fazer acusações. Ainda assim, pediu para que a declaração dada ontem pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) a respeito de possíveis informações de operações contra governadores, fosse apurada.

"Olha, isso é uma coisa que preocupa a todos nós. Todos os que integram o sistema de justiça, todos temos um interesse muito convergente em que todas as investigações cheguem a bom termo, apurem irregularidades dentro dos ritos legais. O governador Witzel sempre deu esse comando a quem está ao redor dele, e essa é uma questão que precisa ser analisada com muito cuidado. A defesa já vinha tentando acesso às investigações, e é preciso saber se houve algum tipo de vazamento — e, se houve, quem foi responsável", declarou.

"É preciso analisar se esse episódio da deputada Carla Zambelli, associado a alguns trechos de interceptação feitos na Operação Favorito, em que pessoas grampeadas falam de um orquestramento perante à vara federal do juiz (Marcelo) Bretas, é preciso apurar com cuidado. De bate-pronto, é complicado falar (...). Acho que esse conjunto de circunstâncias precisa ser levado em consideração, sim, e se for o caso, acho que a justiça precisa abrir um procedimento para apurar esse vazamento e para garantir que as investigações correrão dentro da legalidade."