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'Não fiz ameaças a ninguém', diz Roberto Jefferson sobre apreensão de armas

Do UOL, em São Paulo

28/05/2020 15h48Atualizada em 28/05/2020 18h38

O ex-deputado federal Roberto Jefferson afirmou hoje no UOL Entrevista que não fez ameaças aos ministros do STF (Supremo Tribunal federal). Ontem, o ex-deputado federal foi alvo da operação de busca e apreensão da Polícia Federal ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes no inquérito que investiga a produção de fake news e ataques à Corte. A conversa foi conduzida pelos colunistas do UOL Carla Araújo e Tales Faria

"Eu não fiz ameaça a ninguém. Coloquei ali [na foto armado que publicou no Twitter]: estamos prontos, em combate. Foi uma foto de um ano atrás na feira de armas de Brasilia", contou Jefferson.

O ex-deputado também disse que "cão que ladra não morde" e que sua foto "não é uma coisa para ser levada a sério".

Jefferson não poupou críticas aos ministros do STF. "O Supremo é um poder nomeado, nomeado por partidos políticos em nomeações da pior qualidade", afirmou.

O presidente do PTB também deu detalhes sobre a operação de busca e apreensão da qual foi alvo. Segundo ele, os agentes da Polícia Federal foram cordiais com ele e sua esposa durante toda a estadia.

"Na minha casa, eu quero dizer que os policiais tocaram no portão, entraram às 6h10, foram embora às 7h45. Nos trataram com cortesia, autoridade, respeito", relatou.

Sobre a foto divulgada em rede social em que aparece com uma metralhadora, Jefferson disse que a imagem foi captada durante uma feira de armas em Brasília, em junho de 2019. "Eles vieram aqui procurar metralhadora, fuzil, mas não acharam arma alguma", diz.

Intervenção militar

Para o ex-deputado, apesar das ameaças e agressões já vistas em Brasília, não há excessos ou qualquer problema em pessoas irem à frente do Palácio do Planalto ou da sede do STF protestar contra ações dos poderes. "Isso é um direito do povo protestar. O povo tem direito, a democracia é ruidosa, fala o que quer", pontua.

Jefferson afirmou que, se ele fosse presidente, pediria a intervenção das Forças Armadas como poder moderador.

"Eu pediria o poder moderador, artigo 142 da Constituição. Se eu estou sendo agredido por outro poder, como está sendo o Executivo pelo Judiciário, é direito constitucional do presidente", afirmou o presidente do PTB, dizendo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido muito "paciente" com a questão.

Jefferson afirmou ainda que o STF (Supremo Tribunal Federal) está "impedindo o presidente de governar como vem fazendo nos últimos 20 dias", disse. A sugestão do deputado seria "aposentar os onze" ministros da Corte e definir uma nova estrutura via Ato Institucional, prática de decretos da ditadura militar (1964-1985).

Sem interlocução com o presidente

Apesar de defender Bolsonaro, o ex-deputado afirma não ter ligações com o presidente da República. "Tem mais de dois anos que não falo com o presidente, nem tenho interlocutor com ele. Eu expresso minha opinião e digo isso ao Brasil", relatou Jefferson.

Segundo o ex-deputado, suas ideias chegam até Bolsonaro por conta das redes sociais. "Talvez minhas ideias cheguem ao presidente, porque alguém na Secom (Secretaria de Comunicação do governo) está me acompanhando", disse.

Contudo, o jornal O Globo informou no dia 19 de maio, que Jefferson almoçou com Bolsonaro e com o ator Mário Frias, então cotado para assumir a Secretaria Especial de Cultura.

"Isso é fake news. Quem esta na foto é o Mário Frias. Eu estou em casa. Na hora em que aconteceu, eu disse: 'estou aqui. Eu estou de bigode. vocês não me viram de bigode?'. Foi fake news e a Globo não desmentiu", alegou Jefferson.

Participaram desta cobertura Emanuel Colombari, Beatriz Sanz (redação) e Diego Henrique de Carvalho (produção)