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SP: Encontro entre atos anti e pró-Bolsonaro termina em confronto e bombas

Aiuri Rebello e Gabriela Sá Pessoa*

Do UOL, em São Paulo

31/05/2020 14h01Atualizada em 31/05/2020 20h27

A avenida Paulista transformou-se em palco de um confronto entre a Polícia Militar e participantes de um ato organizado por torcidas organizadas de futebol, entre elas a do Corinthians e do Palmeiras, que criticavam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pediam a defesa da democracia.

O confronto foi iniciado pelo encontro entre o grupo de torcedores e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que iniciaram uma manifestação no mesmo local após os torcedores. Foram dois momentos de confusão com os policiais lançando bombas de gás e fazendo uso de spray de pimenta para conter apenas o lado dos torcedores. O tumulto durou cerca de três horas e deixou ao menos um ferido.

O grupo formado por integrantes de torcidas organizadas chegou por volta das 12h. A Polícia Militar montou cordões de isolamento com separação de um quarteirão de distância entre eles. Vestido de preto, o grupo estava próximo ao Masp (Museu de Arte de São Paulo) e dividia-se entre "defensores da democracia" e uma ala contra Bolsonaro. Já os seguidores do presidente com camisa verde e amarela e ficaram perto da sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Cerca de uma hora depois, tiveram início as primeiras provocações com a chegada dos apoiadores de Bolsonaro. Parte de manifestantes contra o presidente furou o bloqueio e houve um confronto entre duas pessoas de lados opostos. A PM tratou de tentar dispersar, usando ao menos quatro bombas de gás e mais spray de pimenta.

O clima chegou a se acalmar, mas novo confronto teve início por volta das 14h, quando integrantes do grupo pró-Bolsonaro furaram o bloqueio e chegaram ao outro grupo. Houve novas bombas, enquanto os manifestantes contra Bolsonaro disparavam rojões e lançavam garrafas. Bombas foram atiradas pelos policiais apenas em direção ao grupo formado por integrantes de torcidas organizadas, ao mesmo tempo em que a PM tentava aumentar a distância do grupo indo em direção aos torcedores.

O clima só acalmou por volta das 16h, quando a ala formada por integrantes das torcidas passaram a deixar a avenida Paulista. Já a ala favorável ao presidente permanecia no local.

A reportagem do UOL apurou que ao menos um fotógrafo da agência de notícias EFE ficou ferido. A emissora Globo News disse que três pessoas foram detidas, mas a PM não confirmou a informação.

Em entrevista à Globo News, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que a medida foi tomada para "garantir a ordem". "Pessoas começam a jogar pedra contra polícia. Polícia não vai agir primeiramente, não vai confrontar sem necessidade, está lá para garantir ordem", explicou. Segundo ele, as imagens dos confrontos serão analisadas para determinar os responsáveis.

Por conta da confusão, a estação de metrô Trianon/Masp, da linha 2-Verde, foi fechada por volta das 15h30, e duas das entradas de acesso à estação Consolação também foram bloqueadas.

União de torcidas e primeiro confronto

O protesto das torcidas uniu corintianos e palmeirenses, e começou por volta das 12h. Eles estavam no vão livre do Masp. Por volta das 13h, a polícia separou o início de uma confusão entre dois manifestantes ao lado da estação Trianon Masp, do lado da avenida onde estavam os manifestantes bolsonaristas, que protestavam contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o isolamento social e o STF (Supremo Tribunal Federal). O tumulto foi motivado por integrantes anti-Bolsonaro que furaram o bloqueio.

A PM soltou bombas de efeito moral e spray de pimenta para separar a confusão. Instantes depois, uma mãe com uma criança pediu a manifestantes das torcidas organizadas que não caíssem em provocação de manifestantes bolsonaristas.

Calmaria e nova confusão

Por volta das 14h, quando parte dos manifestantes já havia se dispersado dos dois lados, um pequeno grupo de apoiadores de Bolsonaro com camisetas da seleção passou pela manifestação contrária ao presidente, dando início a uma confusão. A tensão cresceu e, enquanto rojões e garrafas começaram a ser atirados na direção dos policiais, eles revidavam com bombas de gás e efeito moral, além de tiros de bala de borracha.

A Tropa de Choque começou a lançar bombas em direção aos manifestantes das torcidas organizadas e a polícia seguiu empurrando os manifestantes contra Bolsonaro em direção à rua da Consolação, no final da Paulista.

Por volta das 15h, a polícia seguia tentando dispersar os manifestantes contra o presidente, lançando bombas de gás e efeito moral. Manifestantes revidavam com pedras e rojões e se recusavam a deixar o local — um artefato explosivo caseiro em direção à PM. Os grupos faziam barricadas com grades e fogo. Bancas de jornal e lojas foram depredadas pelo caminho.

Segundo imagens da CNN, o ato pró-Bolsonaro continuou acontecendo com tranquilidade. Esses manifestantes não foram dispersados pelos policiais, que formaram um cordão de contenção para apoiadores do presidente. Nesse grupo, havia uma faixa chamando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de genocida.

O clima se acalmou por volta das 16h, quando o grupo formado por torcedores passou a deixar a avenida Paulista. Já a ala favorável a Bolsonaro permaneceu no local.

PM analisará imagens

Em entrevista ao canal GloboNews, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que foi preciso usar bombas de gás para dispersar manifestantes depois que um grupo começou a atirar pedras. Ele não soube informar se esse grupo estava do lado dos manifestantes favoráveis ou contrários ao governo Bolsonaro.

"A polícia estava lá para garantir a ordem e precisou agir para evitar o confronto entre os dois grupos, o que poderia gerar um problema maior", afirmou.

Camilo disse também que a PM vai analisar as imagens do protesto para identificar as pessoas que causaram o tumulto. "Não interessa o lado, aqueles que quebrarem ordem pública responderão perante a Justiça. Todas essas imagens estão sendo acompanhadas para que possamos responsabilizar essas pessoas no futuro".

* Colaborou Afonso Ferreira, em São Paulo