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PGR abriu investigação para verificar se Zambelli teve acesso a ação da PF

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), na portaria do Palácio do Alvorada -  DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), na portaria do Palácio do Alvorada Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo e Brasília

10/06/2020 18h20Atualizada em 10/06/2020 20h52

A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma Notícia de Fato para investigar se a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) recebeu informações sigilosas da Polícia Federal (PF). A informação consta de ofício assinado em 3 de junho pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, para o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

"Trata-se de representação protocolada pela deputada Federal Joice Cristina Hasselmann em desfavor da deputada federal Carla Zambelli Salgado, relatando representação por abertura de procedimento investigatório criminal -PIC, diante do vazamento de informações sigilosas sobre operações policiais deflagradas, no estado do Rio de Janeiro, noticiados, antecipadamente, pela deputada Federal Carla Zambelli Salgado (PSL-SP)", afirma a PGR, em nota.

O advogado da deputada, Huendel Rolim, diz que ela ainda não foi notificada da ação e que se colocará à disposição da PGR.

"A deputada, porém, lamenta que questões políticas, sem qualquer cunho jurídico, assolem a PGR e o STF, quando estes deputados deveriam estar preocupados com a pandemia que assola nosso país", afirmou o advogado.

Um dia antes de a PF cumprir mandato de busca na residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a aliada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que alguns governadores estavam sendo investigados.

Segundo ela, a entrevista dada à rádio era para comentar uma falha no combate à corrupção apontada pelo ex-ministro Sérgio Moro ao deixar o ministério da Justiça e Segurança Pública.

Zambelli disse, na ocasião, que o presidente Bolsonaro estava incomodado com o fato de que Moro "não estava tendo preocupação com pessoas na ponta, desde prisões aleatórias, agressões feitas a cidadãos nas ruas".

Hoje o assunto voltou a ser debatido, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ironizando que a deputada tem "bola de cristal" para saber ações da Polícia Federal (PF), caso realmente não tenha ocorrido nenhum vazamento.

Ela negou novamente que teve acesso a dados sigilosos, justificando que basta apenas "assistir aos jornais" e "acompanhar os gastos públicos" para saber disso.

Mais cedo, Zambelli já tinha rebatido o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes na tarde de hoje, chamou a parlamentar de "Mãe Dináh".

A afirmação de Doria foi em referência ao fato de Zambelli ter dito que governadores entrariam na mira da Polícia Federal um dia antes de a PF fazer uma operação que teve como um dos alvos o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Na manhã de hoje, governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) também foi alvo de operação da PF.

"Não sou Mãe Dináh, mas prevejo, sim, que seu destino na vida pública será enterrado, pois o povo já sabe quem é o senhor", afirmou Zambelli em nota enviada à imprensa na tarde de hoje, na qual destaca Doria como "ainda" governador de São Paulo.

Sobre a declaração de que a deputada estaria "engraxando as botas do militares e do seu chefe", o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Zambelli afirmou que tem respeito pelo Exército Brasileiro e ao Presidente da República.

"Gratidão não deveria prescrever, governador, mas lealdade é algo que você desconhece", afirmou. Durante a campanha eleitoral de 2018, Doria foi um dos principais apoiadores de Bolsonaro para a presidência.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado na primeira versão do texto, a PGR abriu a Notícia de Fato no dia 3 de junho, e não hoje. A informação foi corrigida.