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Alcolumbre devolve MP que dava poder a Weintraub para nomear reitores

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Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

12/06/2020 10h31Atualizada em 12/06/2020 15h40

O presidente do Congresso e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou hoje que devolveu ao governo a Medida Provisória que amplia os poderes do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para escolher reitores temporários em universidades e institutos federais durante a pandemia do coronavírus sem consulta prévia.

Segundo Alcolumbre, a MP viola os princípios da Constituição Federal que tratam da autonomia e da gestão democrática das universidades. Quando uma MP é devolvida, fica com a vigência encerrada, deixando de ter qualquer valor, segundo a Secretaria-Geral da Mesa do Senado. Contudo havia divergências quanto a esse entendimento. Para especialistas ouvidos pelo UOL, a MP ainda poderia valer por ao menos dois meses se não fosse revogada pelo presidente da República, como foi feito.

"Acabo de assinar o expediente de devolução da MP 979, que trata da designação de reitores, por violação aos princípios constitucionais da autonomia e da gestão democrática das universidades", afirmou o senador em uma mensagem publicada nas redes sociais.

A devolução foi publicada em edição extraordinária do Diário do Congresso Nacional. Na mensagem, Alcolumbre justifica o ato considerando que o presidente do Congresso tem de "impugnar proposições contrárias à Constituição, às leis ou ao regimento" e considerando trechos da Constituição que garantem a "gestão democrática do ensino público e autonomia administrativa" às universidades. Ao fim, declara encerrada a tramitação da Medida Provisória no Congresso.

Procurado pelo UOL, o Ministério da Educação informou que não se manifestará. Também questionada pela reportagem, a Presidência da República limitou-se a repetir que o ministério não se pronunciaria, sem um posicionamento próprio.

Devolução é vista como drástica na relação com Executivo

Com a decisão, o texto não será mais analisado no Congresso Nacional, como acontece na tramitação normal de uma Medida Provisória. Quando publicada, uma MP já tem força de lei, mas precisa ser aprovada, ainda que com mudanças, em até 120 dias pela Câmara e pelo Senado para que não perca a validade.

Publicada na quarta-feira (10), a medida visava ampliar os poderes de Weintraub, permitindo que ele decidisse sobre as reitorias sem necessidade de consulta pública ou lista tríplice para embasar a definição de nomes para o cargo.

Na avaliação de congressistas, incluindo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o texto afronta a Constituição.

Partidos de oposição acionaram o STF (Supremo Tribunal Federal) para julgá-la inconstitucional e pediram que Alcolumbre a devolvesse ao Executivo. Uma ala do Congresso já articulava a derrubada imediata da MP na próxima semana se não houvesse uma atitude por parte do Supremo ou de Alcolumbre.

Sob pressão, não apenas da oposição, e após consulta aos parlamentares, o presidente do Congresso acabou decidindo devolvê-la ao governo.

O presidente do Congresso Nacional tem a prerrogativa de devolver uma MP ao Executivo quando julgar que o texto não atende aos requisitos necessários previstos em lei. A decisão raramente é tomada por ser considerada drástica no relacionamento do Legislativo com o Executivo.

Em geral, quando o Congresso não concorda com uma Medida Provisória, os parlamentares deixam o texto tramitar, mas sem analisá-lo, fazendo com que perca a validade.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.