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Moro cita 'explosão autoritária' de governo, mas não vê risco à democracia

Em "quarentena" para evitar conflitos de interesse, Moro despistou sobre possível candidatura em 2022 - Andre Coelho/Getty Images
Em "quarentena" para evitar conflitos de interesse, Moro despistou sobre possível candidatura em 2022 Imagem: Andre Coelho/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 08h58Atualizada em 17/06/2020 09h14

O ex-ministro Sergio Moro classificou a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como "um governo populista com explosões autoritárias".

Em entrevista concedida ao El Pais, o ex-juiz da Lava Jato avaliou também que, apesar disto, a democracia não se encontra, neste momento, ameaçada no Brasil.

"Temos um governo populista com explosões autoritárias e temos uma democracia e instituições sólidas. Não acho que a [democracia] esteja ameaçada, mas esse tipo de explosão autoritária é obviamente indesejável", disse o ex-ministro.

Ao ser questionado pelo veículo sobre os motivos de sua entrada no governo - ele aceitou publicamente o cargo de Ministro da Justiça e da Segurança Pública ainda em 2018, logo após a eleição de Bolsonaro - Moro afirmou que não esperava que o presidente tivesse uma postura "autoritária".

"A grande maioria não achou que isso iria acontecer. Minha entrada no governo foi vista por muitos como um elemento moderador. Com meu passado como juiz, eu me via como uma espécie de garantia de que não haveria tais explosões autoritárias. Mas temos um Supremo que age de forma independente e um Congresso que funciona normalmente. A democracia brasileira está consolidada, essas turbulências vão passar."

Além de despistar sobre uma possível candidatura nas próximas eleições presidenciais, questão que considerou "absolutamente inapropriada" diante da pandemia do coronavírus, Moro disse ao El Pais que seu futuro deve ser no setor privado.

"Depois de deixar o governo, tenho uma quarentena de seis meses para evitar conflitos de interesse. Vou ter que me reinventar, provavelmente no setor privado. Desejo continuar contribuindo para o debate público", disse.