Assessora de Flávio Bolsonaro se mudou 15 dias antes de operação, diz tio
A assessora parlamentar Alessandra Esteve Marins se mudou há 15 dias do apartamento onde morava em Bento Ribeiro, zona norte do Rio. O imóvel foi alvo de um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Anjo, desdobramento do Caso Fabrício Queiroz, na manhã desta quinta-feira (18).
A mudança foi confirmada ao UOL pelo tio de Alessandra, José Carlos Marques Esteves. Ele foi abordado pela reportagem no início da tarde de hoje, quando chegava ao antigo endereço da sobrinha. "Esse apartamento é da minha irmã [mãe de Alessandra], mas Alessandra se mudou para Jacarepaguá", explicou.
Alessandra Esteves Marins teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pelo juiz Flavio Itabaiana, titular da 27ª Vara Criminal do Rio, em maio de 2019. Na mesma decisão, solicitada pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio), foram alvo do mesmo tipo de medida 94 pessoas e empresas, entre elas o próprio Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz —preso no começo da manhã em Atibaia, no interior de São Paulo.
O MP diz que havia no gabinete de Flávio indícios da prática sistemática de um esquema de rachadinha, no qual funcionários comissionados devolvem parte de seus salários para o político que os nomeou. De acordo com os promotores, há indícios de que Flávio e Queiroz cometeram os crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Os dois negam as acusações.
Alessandra é uma das cinco pessoas investigadas no Caso Queiroz que seguem trabalhando com Flávio Bolsonaro no Senado. Ela tem hoje um cargo de auxiliar parlamentar pleno no escritório parlamentar do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Rio. A assessora trabalha com Flávio desde 2011, quando foi nomeada assessora parlamentar na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
"Ela comprou um apartamento. Se mudou porque não gostava muito desse lugar", disse o tio. "Esse apartamento está à venda. Foi comprado com o que o pai dela, que era do Exército, deixou para elas."
O apartamento de Alessandra fica em um imóvel de três andares em uma vila na rua Divisória, em Bento Ribeiro. A poucos metros, na mesma rua, fica uma casa ligada ao presidente Jair Bolsonaro. O imóvel consta em suas declarações de bens à Justiça Eleitoral ao menos desde 2010 e foi usada durante todo esse período como escritório político e comitê de campanha.
Nesta quinta-feira, a casa estava fechada. Uma vizinha, que mora em frente ao imóvel do presidente, disse não ver movimento no local desde a campanha eleitoral de 2018.
Apesar de ter se mudado do local dias antes da operação, José Carlos disse que a família da assessora ficou sabendo das buscas do MP pela televisão. Ele afirmou que o apartamento está vazio.
"Estava na casa de uma parente em Bangu quando ela me falou. Vim até aqui agora porque falaram que eles [técnicos do MP] arrombaram o apartamento, então preciso ver como está o imóvel", completou.
A prisão de Queiroz
Deflagrada pelo MP-RJ nesta quinta, a Operação Anjo teve como principal alvo o policial militar reformado Fabrício Queiroz, que foi um dos principais assessores de Flávio Bolsonaro na Alerj entre 2007 e 2018 —quando foi exonerado já com a investigação dos promotores do Rio em curso.
Queiroz estava em um sítio em Atibaia quando foi encontrado por equipes da Polícia Civil de São Paulo, que apoiou a operação. O imóvel pertence ao advogado Frederick Wassef, que defende Flávio das acusações do MP. Ele também representa o presidente Jair Bolsonaro em processos, entre eles, o relacionado à facada recebida por ele durante a campanha de 2018.
A Justiça também expediu um mandado de prisão contra a mulher de Queiroz, Marcia Oliveira de Aguiar. Ela também foi assessora parlamentar de Flávio na Alerj e devolvia grande parte do salário para Queiroz, de acordo com as investigações do MP. Há a suspeita de que ela nunca tenha de fato trabalhado no gabinete.
O MP-RJ ainda obteve medidas cautelares contra o advogado Luis Gustavo Botto Maia, representante jurídico da campanha de Flávio ao Senado em 2018, assim como a ex-assessora parlamentar Luiza Souza Paes (citada no relatório do Coaf que originou as investigações) e o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho.
Contra eles foram autorizadas medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas.
A reportagem do UOL procurou Botto Maia, mas ele ainda não se manifestou. As defesas de Luiza e Matheus não foram localizadas.
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