Queiroz chega a Bangu no Rio onde cumprirá 'quarentena' do coronavírus
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), deu entrada no começo da tarde de hoje no presídio de Benfica, na zona norte do Rio, após ser preso pela Polícia Civil, na manhã de hoje, em um imóvel em Atibaia (66 km de São Paulo). Queiroz chegou à capital fluminense, de helicóptero, e foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) em um comboio de quatro veículos antes de ser apresentado ao presídio.
Segundo a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária), em razão da epidemia do coronavírus, ele cumprirá o isolamento social durante 14 dias no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu (zona oeste do Rio). Queiroz deu entrada em Bangu às 15h30.
Segundo a polícia, Queiroz estava escondido há um ano na casa de um advogado do senador Flávio e de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O caseiro do imóvel rebateu a informação. "Tem pouco dias que está aí, quatro dias que veio ver um negócio de saúde. O rapaz aqui estava em tratamento de saúde, estava ficando aqui para se tratar de saúde, estava com câncer, essas coisas, câncer de próstata", afirmou o caseiro à CNN Brasil.
Antes da viagem, Queiroz passou pelo IML em São Paulo e também pela sede da Polícia Federal. O ex-assessor, acompanhado de policiais portando armas de calibre pesado, saiu do Campo de Marte, na capital paulista, e desembarcou no aeroporto de Jacarepaguá, no Rio.
Usando um colete à prova de balas do Ministério Público do Rio, menos de meia hora depois, Queiroz chegou ao IML para exames de rotina feitos nesse tipo de caso. O ex-assessor entrou pelos fundos, sem acesso permitido para os jornalistas que aguardavam no local.
Usando boné o tempo todo, Queiroz não estava algemado. Apesar de ter dito, segundo informações da polícia, que está com a saúde fragilizada, caminhava sem dificuldades.
A prisão de Queiroz
Queiroz foi localizado e preso em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, que ontem esteve na posse do novo ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD), cerimônia que também contou com a presença do presidente.
A prisão de Queiroz é preventiva, ou seja, sem prazo. No local, policiais também apreenderam objetos como celulares, cartão de crédito e notas de reais.
A mulher de Fabrício Queiroz também teve prisão autorizada, mas não foi localizada até o momento.
Queiroz estava em Atibaia há um ano, diz a polícia
O delegado da Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves, que participou da operação, disse que o caseiro do imóvel em Atibaia afirmou que Queiroz estava no local há cerca de um ano. Porém, a informação foi rebatida pelo próprio caseiro, que, em entrevista à CNN Brasil, negou que o ex-assessor estivesse morando ali há muito tempo.
"Tem pouco dias que está aí, quatro dias que veio ver um negócio de saúde. O rapaz aqui estava em tratamento de saúde, estava ficando aqui para se tratar de saúde, estava com câncer, essas coisas, câncer de próstata", disse o caseiro.
De acordo com o delegado, Queiroz estava sozinho na casa quando os policiais chegaram.
"A reação dele [Queiroz] foi tranquila, não esboçou reação. Só falou que estava um pouco doente", declarou o delegado.
A operação, batizada de Anjo, cumpre ainda outras medidas autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga suposto esquema de "rachadinha", em que servidores da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) devolveriam parte de seus salários ao então deputado Flávio Bolsonaro, que exerceu mandato de 2003 a 2019.
Quem é Fabrício Queiroz
Queiroz já foi policial militar e é amigo do presidente Bolsonaro desde 1984. Reformado na PM, ele trabalhou como motorista e assessor de Flávio, então deputado estadual pelo Rio.
Queiroz passou a ser investigado em 2018 após um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicar "movimentação financeira atípica" em sua conta bancária, no valor de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Ele foi demitido por Flávio pouco antes de o escândalo vir à tona.
O último salário de Queiroz na Alerj foi de R$ 8.517, e ele teria recebido transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio. As movimentações atípicas levaram à abertura de uma investigação pelo MP (Ministério Público) do Rio.
Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O presidente, na época, se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz. Alegou não ter documentos para provar o suposto favor.
Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios com a compra e venda de automóveis.
"Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.
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