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Para defesa, inquérito demonstra "inexistência" de crime de Sara Winter

Sara Winter segurando dois revólveres - Reprodução
Sara Winter segurando dois revólveres Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

20/06/2020 20h47

A defesa de Sara Giromini, conhecida como Sara Winter disse hoje que o inquérito que investiga atos antidemocráticos demonstra "claramente a inexistência de qualquer crime cometido por Sara Winter, e demais presos, Renan, Emerson, Arthur e Érica" e considera o ato político.

Por meio de nota à imprensa, os advogados disseram ter recebido ontem a cópia do inquérito. "Há uma clara narrativa do Ministério Público Federal em tornar a liberdade de expressão como ato antidemocrático, envolvendo Sara Winter e os 300 do Brasil", diz.

A defesa também diz não haver fundamentação na prisão temporária de Sara e os demais. "Se não há pedido do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal requerendo a prisão temporária de Sara Winter, Renan, Emerson, Arthur e Érica, todos os presos e suas prisões prorrogadas, há de se questionar como explicar atos, entendidos como ilegais, ilícitos e abusivos, senão pelo caráter político para retirá-los de circulação, diante das manifestações programadas para o próximo domingo (21/06), em Brasília/DF".

E acrescenta: "Não há, nos autos do inquérito 4828/DF, qualquer menção, sugestão, indicação, figuração de qualquer imputação ou conduta criminosa dos presos: Renan de Morais Souza, Emerson Rui Barros dos Santos, Arthur Castro e Érica Viana de Souza, inexplicavelmente presos sem qualquer acusação imputada no referido documento. Somente Sara Winter é mencionada. E pior, seus nomes não estão inseridos no inquérito, portanto, são inocentes presos politicamente".

Hoje, o STF (Supremo Tribunal Federal) renovou por mais cinco dias, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), a ordem de prisão da líder do grupo de Sara Winter e dos outros cinco alvos do inquérito.

Sara foi presa no dia 15

Sara Winter foi presa pela PF durante uma operação no início da semana. As prisões foram decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, também a pedido da PGR, no inquérito que apura manifestações de rua antidemocráticas.

Os pedidos de prisão foram apresentados na última sexta-feira (12).

De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), há indícios de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, que define crimes contra a ordem política e social.

O objetivo das prisões é ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o suposto esquema criminoso, diz nota divulgada.

Em abril, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF a abertura de um inquérito para investigar os atos pró-golpe ocorridos em cidades brasileiras. A PGR citou a participação de deputados federais nos eventos.

Os manifestantes pediram intervenção militar, a volta do AI-5 (Ato Institucional Nº 5) e o fechamento do Congresso e do STF, um caso de retorno à ditadura. Embora tenha participado de um protesto em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro não é alvo de investigação.

Na ocasião, Aras afirmou que "o Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional".

Inquérito das fake news

Sara foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão em outro inquérito no STF, o que apura as fake news, no fim de maio, e teve confiscados itens como computador e celular - conforme ela mesmo afirmou em vídeos publicados em redes sociais.

A operação da PF deflagrada em 27 de maio, também autorizada por Moraes, realizou 29 mandados de busca e apreensão e investigou nomes como o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), o empresário Luciano Hang e o blogueiro Allan dos Santos.

Depois da ação, Sara iniciou uma série de ataques contra o STF e Moraes, falando em persegui-lo e "trocar socos" com ele.

"Eles não vão me calar. De maneira nenhuma. Pelo contrário. Eu sou uma pessoa extremamente resiliente. Pena que ele mora em São Paulo. Se estivesse aqui, eu tava na porta da casa dele, convidando ele para trocar soco comigo. Juro por Deus, eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado. Infelizmente eu não posso. Mas eu queria. Ele mora lá em São Paulo, né? Você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor", afirmou ela, em vídeo que circulou no Twitter.

Os vídeos com ataques de Sara foram tema de debate, com parte da classe política vendo-o como uma provocação, para que ela fosse de fato presa e incendiasse ainda mais o cenário.