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Foto mostra Fabrício Queiroz no sistema prisional do Rio

23.jun.2020 - Fabrício Queiroz em foto no sistema prisional - Reprodução
23.jun.2020 - Fabrício Queiroz em foto no sistema prisional Imagem: Reprodução

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

23/06/2020 17h25

Uma foto mostra Fabrício Queiroz no sistema prisional. A imagem, recebida pelo UOL, circula em grupos de WhatsApp. Ele foi fotografado com uma camisa branca em um fundo azul. A imagem corresponde a registros feitos de detentos que ingressam no sistema penitenciário.

Queiroz está isolado em uma cela de 6 metros quadrados no Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, no Complexo de Gericinó, zona oeste do Rio, onde ficará em isolamento por duas semanas como medida de prevenção ao novo coronavírus.

Procurada, a Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) confirmou a veracidade da foto.

O policial militar reformado foi preso preventivamente na quinta-feira (18) em uma casa em Atibaia (SP) do advogado Frederick Wassef, que representa o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ele é suspeito de cometer os crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa, segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio), que o aponta como o operador financeiro de um esquema de rachadinha na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), com parte dos salários repassados por servidores, quando era assessor do então deputado Flávio Bolsonaro (Republicanos), entre abril de 2007 e dezembro de 2018.

Antes da prisão, o ex-assessor de Flávio não era considerado foragido, uma vez que a Justiça não havia expedido ordem de prisão contra ele. Contudo, o MP-RJ aponta que ele ocultava seu paradeiro para dificultar as investigações. Em 2018, ele falou a depoimentos e alegou problemas de saúde.

Como funcionava a rachadinha, segundo o MP-RJ

Segundo o MP-RJ, a rachadinha ocorreu no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro entre abril de 2007 e dezembro de 2018. Os promotores apontaram Queiroz como o operador financeiro de um esquema que movimentou mais de R$ 2 milhões no período, com a participação de ao menos 11 servidores, que repassavam 40% dos seus salários —média de R$ 15 mil por mês, segundo levantamento feito pelo UOL.

Os recolhimentos eram feitos próximos às datas dos pagamentos dos salários de funcionários fantasmas da Alerj. Eles eram ligados a Queiroz por relações de parentesco, vizinhança ou amizade, aponta o MP-RJ.

A investigação começou quando relatório do antigo Coaf, órgão de inteligência financeira, indicou movimentação atípica nas contas Queiroz de R$ 1,2 milhão em um ano com depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas aos pagamentos na Alerj. Queiroz disse ao MP que usava o dinheiro para remunerar assessores informais do gabinete. Mas a defesa nunca apontou quem eram os supostos beneficiários.

Fotos de Queiroz em Atibaia (SP)

Flávio diz ser vítima de campanha de difamação

A assessoria de imprensa de Flávio se posicionou por meio de nota. O texto diz que o político é vítima de uma campanha de difamação orquestrada por um grupo político, sem contudo dizer quem estaria envolvido. Ele alega inocência, garante que o patrimônio dele é compatível com os seus rendimentos e diz acreditar na Justiça.

Na sexta-feira (19), parlamentares da oposição entregaram uma representação no Conselho de Ética do Senado, em Brasília, pedindo a cassação de Flávio por quebra de decoro parlamentar. Entre os motivos alegados pela oposição para o pedido, estão o suposto envolvimento de Flávio com as milícias, a rachadinha, lavagem de dinheiro e emprego de funcionários fantasmas.

Sou um cara de negócios, disse Queiroz

O advogado Paulo Emílio Catta Preta contesta a prisão preventiva. Segundo ele, Queiroz estava colaborando com as investigações. Entretanto, ele faltou a depoimentos em 2018. Segundo o MP-RJ, forneceu endereço falso e ocultou o seu paradeiro, para obstruir as investigações.

A defesa de Queiroz entrou com pedido de substituição de prisão preventiva por prisão domiciliar, citando o tratamento a um câncer no intestino. Mas o pedido foi negado pela Justiça.

Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios com a compra e venda de automóveis. "Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.