Quem é a subprocuradora aliada de Aras que entrou em atrito com a Lava Jato
A subprocuradora Lindora Araújo, responsável pela Operação Lava Jato na PGR (Procuradoria-Geral da República), está no centro de uma celeuma com integrantes da força-tarefa nessa semana após uma tentativa de acesso a provas e documentos sigilosos em Curitiba.
Auxiliar do procurador-geral Augusto Aras, ela está no comando da operação desde janeiro deste ano. Considerada "braço direito" de Aras e pessoa de sua confiança, é ela que comanda também outra investigação sensível na PGR, sobre irregularidades na compra de respiradores e outros itens para combate à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, nos estados e municípios.
Controversa, a investigação mirou até agora adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como os governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC-RJ), e do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA). A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente, chegou a adiantar a uma rádio que operações da PF sobre o tema iriam acontecer em breve.
Na Lava Jato, Lindora é vista com suspeição pelos colegas de força-tarefa e coleciona polêmicas com eles. Ela substituiu na coordenação o procurador José Adonis Callou de Araújo Sá, que pediu demissão.
Nesta sexta-feira (26), três integrantes do grupo na PGR pediram demissão após procuradores da Lava Jato em Curitiba reclamarem publicamente da tentativa de acesso por parte da subprocuradora a material sigiloso da operação durante viagem à capital paranaense.
Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely não concordaram com a condução do grupo por parte de Araújo.
Acesso informal a provas
Na quinta-feira (25), a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba enviou um ofício à corregedoria do MPF (Ministério Público Federal) relatando que Lindora realizou manobra ilegal para copiar bancos de dados sigilosos de investigações de maneira informal e sem apresentar documentos ou justificativa.
Segundo o documento, "não foi informada a pauta da reunião e quem acompanharia" a subprocuradora.
"Também não foi formalizado nenhum ofício solicitando informações ou diligências, ou informado procedimento correlato, ou mesmo o propósito e o objeto do encontro. Além disso, não informou se a diligência era de natureza administrativa, correicional ou finalística", escreveram os procuradores.
A PGR afirma que os processos em tramitação na Justiça Federal do Paraná têm relação com ações e procedimentos em andamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Defendeu federalização de caso Marielle
Antes de assumir como auxiliar de Aras, a subprocuradora atuava na coordenação de casos penais no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ela concilia as duas funções.
No STJ, atuou nos casos das operações Satiagraha e Faroeste, da Polícia Federal.
Na Satiagraha, em 2012, defendeu a legalidade da operação que investigava o banqueiro Daniel Dantas dentre outros alvos — a operação acabou anulada posteriormente no STF (Supremo Tribunal Federal).
A Operação Faroeste, que apura a venda de sentenças judiciais na Bahia, levou a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago à prisão em novembro de 2019.
Recentemente, mandou parecer ao tribunal defendendo a federalização da investigação da morte da ex-vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.
O assassinato ocorreu em março de 2018 e o caso até agora não foi encerrado. A polícia suspeita do envolvimento de milicianos no crime. A família de Marielle é contra a federalização.
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