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STF rejeita recurso contra operação no gabinete de Paulinho da Força

Gabinete do deputado federal  Paulinho da Força foi alvo de operação -  Mathilde Missioneiro/Folhapress
Gabinete do deputado federal Paulinho da Força foi alvo de operação Imagem: Mathilde Missioneiro/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

29/07/2020 17h10Atualizada em 29/07/2020 17h59

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello rejeitou o recurso da Câmara dos Deputados que pedia a anulação da operação de busca e apreensão realizada no gabinete do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

A Câmara argumentava que a operação no gabinete parlamentar poderia interferir no exercício do mandato e, por isso, precisariam de autorização do STF.

Marco Aurélio rejeitou esse argumento e defendeu que, como o caso sob investigação não está sujeito à regra do foro privilegiado, a operação poderia ter sido determinada pela primeira instância do Judiciário.

"Considerado o princípio do juiz natural, ou bem se tem competência para atuar no processo, praticando atos que entender cabíveis, ou não se tem. Mostra-se impróprio cogitar da existência de terceira opção, na qual afetada a determinação de diligência em processo de competência do Juízo de origem, conferindo-se, ao Supremo, papel avalizador", escreveu o ministro na decisão.

A Câmara dos Deputados também apresentou um segundo recurso ao STF, contra operações de busca realizadas no gabinete da deputada Rejane Dias (PT-PI). Mas esse processo está sob a relatoria do ministro Edson Fachin e ainda não há decisão.

Apesar de o STF está em recesso durante o mês de julho, o ministro Marco Aurélio comunicou ao tribunal que permaneceria analisando os processos de seu gabinete durante o período.

Por isso o recurso da Câmara foi analisado por ele, ao invés de ser remetido para o presidente do tribunal, Dias Toffoli, responsável por julgar questões consideradas urgentes durante o recesso. O STF retorna ao funcionamento normal em agosto.

Regra do foro

A reação da Câmara ocorre após Toffoli suspender uma decisão da Justiça Eleitoral de São Paulo que determinou a realização de busca e apreensão no gabinete do senador José Serra (PSDB), investigado por suposto caixa dois em 2014.

A decisão de Toffoli foi tomada após recurso do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A série de decisões sobre o tema pode levar o STF a rediscutir a aplicação da decisão do tribunal de 2018 que restringiu a regra do foro privilegiado.

O STF entendeu que só deveriam ser investigados perante o Supremo crimes praticados por parlamentares durante o mandato e que tivessem relação com a função de deputado ou senador.

Mas a possibilidade de medidas decretadas por juízes de outras instâncias do Judiciário afetarem o exercício do mandato parlamentar levou ao questionamento da decisão de 2018.

Entenda as operações da Câmara

A operação contra Paulinho da Força foi realizada em 14 de julho pela Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Eleitoral de São Paulo. O caso corre na Justiça Eleitoral de São Paulo e apura suspeitas de caixa dois nas campanhas eleitorais do deputado de 2010 e 2012.

As buscas no gabinete da deputada Rejane Dias foram realizadas na última segunda-feira (27), pela terceira fase da Operação Topique, que apura desvios na secretaria de Educação de Piauí. A deputada já foi titular da secretaria de Educação do estado.

A operação no gabinete da deputada foi submetida previamente à ministra do STF Rosa Weber que, assim como Marco Aurélio, entendeu que por não ser um caso de foro privilegiado caberia ao juiz de primeira instância decidir sobre a realização da operação.