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Não dá pra investir em SP sem privatizar, diz Sabará, pré-candidato do Novo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

30/07/2020 11h58Atualizada em 30/07/2020 12h58

Pré-candidato do Partido Novo à Prefeitura de São Paulo, Filipe Sabará afirmou hoje ao UOL Entrevista que "não dá para fazer milagre sem privatizar" na cidade. Em entrevista às colunistas Maria Carolina Trevisan e Thaís Oyama, ele defendeu emprego para combater a cracolândia, negou a necessidade de cotas raciais, poupou a política ambiental do governo federal e polarizou com o candidato a prefeito pelo Psol, Guilherme Boulos.

Se eleito, prometeu Sabará, sua prioridade será a retomada econômica pós-pandemia atraindo o mercado financeiro para investir em micro e pequenos empreendedores na periferia, que ele chamou de "região de oportunidade e não mais periferia".

"Esse seria o passo número 1 para retomar a renda. A outra proposta é diminuir o tamanho do Estado", afirmou. "Hoje o gasto com parque é enorme e falta dinheiro para o essencial como educação, saúde e segurança pública".

Não dá pra fazer milagre sem privatizar
Filipe Sabará, pré-candidato a prefeito de São Paulo

Emprego na cracolândia

O pré-candidato também sugeriu emprego para combater o uso de drogas na cracolândia, no centro da cidade. Para ele, "se não der uma alternativa para trabalhar, não vão querer ocupar a mente e a pedra vira uma fuga da realidade".

"Tem de resolver o problema que causou a vontade de usar droga", disse. "Cada um tem seu motivo para estar na rua. A partir daí, faz o acolhimento, capacitação e saúde (...) Tem de retirar essas pessoas da situação e dar propósito a vida delas."

Ele defendeu a junção da abstinência à droga com a política de redução de danos, quando o Estado oferece atendimento médico e materiais novos para o consumo da droga a fim de evitar doenças relacionadas ao vício.

No crack, é difícil a [política de redução de danos] porque a pedra dá um prazer imenso em 5 minutos e depois disso ele [o usuário] fica atrás da próxima pedra
Filipe Sabará, pré-candidato a prefeito de São Paulo

Sabará alfinetou o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) ao criticar o que chamou de "bolsa crack". "Em vez de dar bolsa como fez o Haddad, o bolsa crack, tem de seguir a jornada da autonomia."

Sem cotas raciais

Questionado sobre quais seriam as políticas de seu governo contra o racismo —assunto em discussão em todo o mundo—, Sabará disse que investirá em educação, mas rejeitou a necessidade de cotas raciais.

"Teremos vários candidatos a vereadores negros que representam essa bandeira", afirmou. "Qualquer pessoa tem de combater racismo. Combatendo, conscientizando com políticas educacionais. Cotas não."

O pré-candidato defendeu "cota por renda" e "conscientização da sociedade nas escolas, transporte público e dando oportunidades".

Se não julgar [por cor] não precisa de cota, [as pessoas] serão escolhidas pela competência (...) E em paralelo é preciso desenvolver a base da sociedade independente da cor que for
Filipe Sabará, pré-candidato a prefeito de São Paulo

Polarização com Boulos

Sabará aproveitou para polarizar com Boulos. Primeiro, criticou os programas sociais sugeridos pelo candidato do Psol ao UOL Entrevista ao dizer que "não dá para fazer o que ele diz sem privatizar" e que por isso "Boulos deveria fazer conta de matemática".

O Boulos nunca fez nada, nunca teve um cargo, nunca ajudou ninguém, mas fica pregando pesadelos. A gente precisa de quem entrega
Filipe Sabará, pré-candidato a prefeito de São Paulo

Em compensação, o pré-candidato não poupou elogios ao governador mineiro e correligionário Romeu Zema, "um dos melhores do país", "dando um show" no combate à pandemia de covid-19, segundo Sabará.

Governo Bolsonaro é poupado

O pré-candidato evitou críticas a Bolsonaro. Ele atribuiu ao governo federal o auxílio emergencial de R$ 600 às famílias pobres durante a pandemia, embora se trate de um projeto aprovado no Congresso, e não responsabilizou o governo pelos mais de 90 mil mortos por covid-19 no Brasil.

Ele também evitou críticas ao ex-colega de partido Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Sabará mirou os países estrangeiros, que "desmataram suas florestas e agora, demagogicamente, querem dar pitaco na política ambiental brasileira". Lembrou suas experiências na Amazônia e afirmou que "há muitas ONGs sérias, mas muitas cafajestes".

Ao ser confrontado com as avaliações externas da política ambiental nacional, com fuga de investimentos, o pré-candidato chamou a atenção para o empresariado, que nas palavras de Sabará, deve ser mais responsável ambientalmente.

Em vez de criticar, me coloquei à disposição para ajudar
Filipe Sabará, pré-candidato a prefeito de São Paulo